domingo, 23 de dezembro de 2007

Natal e Ano Novo


É chegado o final de ano e com ele as festividades...

Um período de estar perto de quem nos importa...

Mas nem sempre isso é possível, apesar do elo cardíaco...

O verdadeiro espírito de Natal está no querer bem...

No desejar de que todos tenham mais dias felizes...

E hoje, eu passo por aqui com desejos de que vocês estejam muito felizes...

Agradecendo de coração todas essas cinco mil visitas durante esse ano quase velho...

Espero trazer mais pequenos pedacinhos de pensamentos em 2008...

Pensamentos esses destinados a todos que quero bem...

É esse o motivo que faz com que cada ano, cada dia, cada minuto seja diferente!!!


Um feliz Natal e um Ano Novo repleto de realizações...

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Dia de ser criança


Pra lá e pra cá
Vem e vai
Com todo esse balançar

Sabe se lá
Onde isso dará
Apenas alguém a pensar

Ficar tonto
Na certa ficará
Mas será de tanto imaginar

Nas cores do céu
No brilho das estrelas
E em todo azul do mar

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

1/3

De braços abertos como quem deseja dar um abraço
De olhos baixos como quem desvia o olhar por timidez
De peito sangrando como quem perde a alma
De pernas cruzadas como quem no muro se encosta a aguardar

Aguardar por quem ainda não o conhece
Aguardar por quem ainda não o reconhece
Aguardar por quem ainda não o merece
E aguardar por quem ainda não confia

Não confia porque não vê
Não confia porque não quer
Não confia porque não crê

Não crê que a maior virtude é confiar sem ver
E que para confiar sem ver tem que querer
Porque só se confia no que não conhece quando há amor


PS:. Um agradecimento especial a Mily pela grande contribuição nesse post.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Dias de luta


Tenho reparado as pessoas em minha volta...
A forma como elas caminham...
Sempre com tantos afazeres...
E com seus passos longos e rápidos...
Mal consigo desejar um bom dia...
Por causa disso ando cumprimentando apenas com os olhos...
Porém me incomoda não poder quebrar o silêncio...
É frustrante permitir que elas simplesmente passem...
Ficando tudo para trás...
Nessas horas um monte de coisas vem em minha cabeça...
Por quantas pessoas já esbarrei e nunca mais as vi?
Restando-me apenas uma imagem...
Símbolo de um encontro passageiro...
Até quando carregaremos dentro de nós só lembranças?
Tantas coisas nos desviam do que almejamos...
E há dias em que a gente precisa querer estar bem...
Porque por mais que se tente mudar tudo em nossa volta...
Sempre haverá compromissos mais urgentes...

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Eu quero


Eu quero um dia frio
Um dia frio com chuva
Com chuva que traga barulho
Barulho que desperte sonhos

Eu quero sentar a mesa
Mesa grande com cadeiras
Cadeiras velhas de madeira
Madeira com cor de papelão

Eu quero não sentir dor
Dor apaga a alma
A alma encanta o amor
O amor que me afetou

sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Motivo para ser


Por mais que não se tenha explicações
Por mais que se evitem certos encontros
Por mais que nada faça sentido
Tudo tem um motivo para ser...

Nada é só por acaso
Nada é só por sorte
Nada é só por coincidências
Tudo tem um motivo para ser...

Quando se está longe dói
Quando se está perto arde
Quando se está só
Tudo tem um motivo para ser...

Tudo tem um motivo para ser...
Porque a vida se escreve assim
Porque a vida se faz assim
Porque a vida se vive assim

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Poesia: Uma paixão


Páginas em branco atiçam
Sempre mais uma linha cobiça
Um risco vem e retira
O traço passa e marca

O lápis traduz a dúvida
A caneta obriga a certeza
A mão faz, a razão briga
E o coração disfarça

Um pedaço de papel picado
Guardanapo de mesa
Um retalho de pensamento
Paixão acesa

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Alma poeta


Escrever é apenas uma forma de explicitar a alma...
A poesia está no como se vive...
No como se vê o mundo em sua volta...
E é assim que alma se torna poética...
Porque o encanto das palavras são apenas retratos do sentir...
E dessa forma a mão que empunha uma caneta é somente uma extensão...
Um pedacinho daquilo que o coração diz e que poucos são hábeis em ouvir...
Agora no papel, visto aos olhos, tudo parece ser simples...
Mas, talvez não seja tanto assim...
Ler amontoados de letrinhas não quer dizer que realmente as sinta...
Para tal é necessário estar aberto a isso...
Permitir ser tocado por algo que até então é desconhecido...
E acima de tudo, algo que não foi sentido ou vivenciado por você...
É nessa transmissão de sentimentos que se encontra o prazer da poesia...
Algo simples, mas não comum...
Porque ai está o que realmente é o belo...
Cabendo a cada um apenas ter bons olhos para ver isso...
E de resto são apenas rimas, estrofes, palavras...
Palavras estas que se não são ditas com sentimentos...
Viram folhas e podem ser levadas pelo vento...
E ele as leva sem que ao menos percebamos depois sua ausência...

sábado, 24 de novembro de 2007

Amigo é para sempre


Uma sincera amizade...
Faz-se entre as partes...
Quando há verdade...
E criar laços é revelar segredos...

E entre essas partes...
Ter a real liberdade...
É poder dizer e ouvir...
O sim e o não...

Não há o que pague...
Esses mágicos encontros...
Mesmo que eles um dia se apaguem...
Sempre ficará o encanto...

Em forma de poesia...
Tenta-se traduzir afeto...
E no concreto mundo complicado...
Ainda só se acumula retratos...

E os retratos agora mofados...
Revelam que não se tem vivido de fato...
O que era belo hoje é saudade...
Pequenas lembranças do passado...

Diante aos novos obstáculos impostos...
A melhor saída é construir abrigos...
Pequenos refúgios entre redemoinhos...
E esse lugar mais seguro é o colo de um bom amigo...

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Deixar entrar


Quando se está pronto para abrir portas e deixar quem está na varanda entrar...?
Há algum tempo atrás seguia o princípio de nunca fechá-las...
Até que um vento que parecia querer derrubar tudo passou por aqui...
Depois disso, por desconfiar da natureza das coisas...
Perdi a segurança em deixá-las o tempo todo abertas...
E a partir disso fui devolvendo respostas pela metade...
E construindo mistérios para me proteger...
De um mundo lá fora que eu achava ser um tanto quanto perigoso...
Muitas eram minhas dúvidas e receios...
Mas muitas também eram minhas vontades e desejos...
A presença daqueles que por muito tempo esteve apenas do outro lado...
O contato, o olho no olho com quem se quer bem...
Tudo isso começava a fazer tanta falta...
E vi minhas esperanças correrem junto à enxurrada...
Aumentando ainda mais o medo que tenho de viver...
Sempre me prendi muito aos fatos do passado...
E agora vejo que isso de nada me adiantou...
Porque enquanto as portas estiverem fechadas...
Eles não poderão me orientar...
Ficando eu ainda mais perdida e sem saída...
Sinto que é chegada a hora de tirar o trinco e girar a maçaneta...
E ao mesmo tempo em que me abro para o novo...
Permito que todo esse receio saia do meu coração...

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Em manutenção


Chegando ao centésimo post é hora de rever algumas olhares...
Pequenos esquadros que ficaram perdidos...
Trazer um pouco o que a vida realmente é...
E simplificar que todos os elos criados pertencem a um único eu...
Sendo assim, Esquadros tem sido para mim mais que um blog...
É um recanto onde posso compartilhar com pessoas totalmente desconhecidas...
Frações de pensamentos que povoam minha cabeça...
Ao atingir o número de cem postagens surpreendo me ainda mais...
Principalmente por lembrar que tudo começou como brincadeira...
E para que essa brincadeira tenha sentido é necessário hoje...
Que eu reveja tudo que está em minha volta...
Somente assim, conseguirei continuar traduzindo pequenos esquadros em palavras...
Agradeço de coração as visitas que prestigiam esse nosso recanto...
Na esperança que voltem...
Apenas dou um até logo...
Valeu! :)...


quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Nascer de uma estrela


Olhe e sinta o que há em sua volta...
Observando atentamente verá que cada dia tudo é mais lindo...
Simplesmente, porque encontrará em pequenos gestos...
Uma demonstração de afeto...
E assim, impregnado por esse sentimento otimista...
Vão sendo desvendados os mistérios do Universo...
A partir do instante em que se estabelece uma perfeita conexão...
Entre o que há em você e o que você permiti que os outros vejam...
Ou seja, quebrando a distância entre o que está dentro e fora...
E nesse descobrir de alma, todas as roupas vêm ao chão...
Agora, sem máscaras ou disfarces pode ser você mesmo...
Então despido, verá a luz e sentirá o pulsar da vida...
Como num êxtase poético sem limitações...
Onde não há contrariedades, nem medos...

domingo, 11 de novembro de 2007

Pela janela do quarto


Sentimentos que invadem a alma...
Deixam os dias de chuva ainda mais convidativos...
Provocam a vontade de estar ainda mais perto...
Como as gotas que se encontram ao baterem na janela...
E juntas escoam deixando suas marcas no vidro...
Sinais de uma passagem breve, mas intensa...
Não há como não ter aquela sensação de que algo ficou para trás...
Principalmente, quando se passa por lugares que remetem dias felizes...
Onde cada momento fica registrado no coração...
Deixando os pensamentos ainda mais leves ao travesseiro...
E numa reação de sentimentos, pequenos sorrisos escapam...
E assim é que se aprende a viver cada instante...
Dando valor nas pequenas coisas que os envolvem...
Desde um suave toque na mão a um sutil olhar...
Simples gestos que são guardados na memória...
Onde os pingos de chuva não os levarão...
Porque senão tudo corre o risco de ficar para trás...
Sem ficar marcas alguma...
Tornando se apenas frutos de um furtivo momento...

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Fim da viagem


Piii...
Este apito pode ser o anúncio de uma chegada...
Ou o sinal para mais uma grande partida...
O trem para as estrelas não vai esperar...
E como as vagas são poucas, não demore...
Dentro de instantes estarás nos trilhos a rodar...
As estações a passarem pela janela são como recordações na memória...
Pedaços de dias tristes e felizes...
Sempre se tem esperança numa próxima parada...
Onde acasos e sorte possam vir acontecer...
Ao pisar no chão um olhar se encontra...
É quando o compasso do coração fica esquisito...
Será paixão?
Uma entrega da razão aos domínios do passional...
Tudo em volta parece ser invisível...
Pois nesses momentos somente o coração vê...
De tão frias as mãos tremem...
Denunciando que alguém estava ansioso por esse dia...
Após, por tempos, ter viajado pelo mundo...
E passado por inúmeras estações...
Ai está...
Tudo tem sua hora, seu tempo...

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Miedo


Vou confessar uma coisa...
O medo é o dono das rédeas de minha vida...
Mas, estou aprendendo a roubar as rédeas na calada da noite...
E tem sido uma experiência ótima...
Porque todos os dias quero fazer o mesmo...
Enganar o medo é melhor do que não tê-lo...
Sabe por que...
Ele é o grande avaliador e desafiador de nossas vontades...
E hoje percebo que quero muito mais do que eu tenho...
E que gostaria de ter...

quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Língua do coração


Estou aprendendo a falar com o coração...
Depois de grandes lutas contra o império da racionalidade...
Tenho deixado a emoção atravessar as pontes...
Acomodando-se agradavelmente na minha sala de estar...
Não me refiro somente a sentimentos passionais...
Mas, outros além...
Especiais presentes vindos dos céus e entregues por mãos divinas...
E ao abrir cada um deles, vou percebendo que nada sei ainda...
Pois todos têm se revelado, a mim, como surpresas...
Ensinando que realmente devo considerar o que se faz importante...
E não aquilo que suponho conhecer...
Apesar do medo em entregar-me a essas novas sensações...
Começo a ver as coisas de uma outra forma, mais simples e transparente...
Pois o que importa não são as expectativas ou projeções...
Mas, sim, o sentir...
E aquele espertinho do Pequeno Príncipe soube fazer isso como ninguém...
Feliz de sua rosa que se sentia única entre todas as outras...
Pois sabia, que mesmo distante tinha alguém responsável por ti...
Desejando que estivesse protegida em dias de ventania...
E feliz ao receber pequenos pingos de água em suas pétalas...
Só se é cativado quando se permite sentir o afeto oferecido pelo desconhecido...
E sem esperar que o nosso seja correspondido...
Desarmando-nos dessa habitual praticidade em lidar com os sentimentos... Afinal, eles não são nenhum tipo de moeda financeira...

sábado, 27 de outubro de 2007

Respirar é lembrar


Uma frase de uma canção tem povoado meus pensamentos...
“Só enquanto eu respirar, vou me lembrar”...
O que deve ser guardado por uma vida inteira...?
Muitos responderiam que o verdadeiro amor...
Porém, a maioria só o guarda depois que perde...
E o fim que parecia ser belo...
Torna-se incerto por demais e sobram apenas lembranças...
Aquelas que nos fazem chorar na chuva...
E entre os respingos no rosto escondem-se as lágrimas...
Mas, a chuva passará...
Como também as recordações...
E nessas idas e vindas...
Com a alternância do sol e da chuva...
O coração que ainda bate e você que ainda respira...
Permanece lembrando de algo que teve...
E que hoje, somente faz parte de memórias...

terça-feira, 23 de outubro de 2007

Pode ser pior


Tenho pena das aranhas solitárias presas em porões...
Elas que passam todo o tempo construindo teias...
Perdem o encanto que há no toque do vento...
O cariciar das águas movidas pelas ondas do mar...
O belo encontro de montanhas e vales...
E os sublimes entardeceres, onde a lua rouba o brilho do sol...
Pequenos instantes de felicidade que a vida nos presenteia...
E que por vezes se perde por ter outras coisas a fazer...
Agora penso nas aranhas novamente...
Elas que já perdem todas essas formas de prazer...
Ainda correm o risco de encontrar sua teia vazia ao final do dia...
Realmente, a vida poderia ser muito pior...

sábado, 20 de outubro de 2007

Uma reforma


Era uma manhã fria do mês de Agosto, o sol timidamente cortava com seus fracos raios a neblina, que cobria as ruas daquela pequena cidade do interior. Pelas calçadas vestígios de uma noite de chuva e as poças refletiam a imagem de D.Luiza, que andava calmamente desviando-se das folhas acumuladas pelo vento.
Depois de dois anos após a perda de suas paixões, ela havia se mudado de cidade, pois tudo a lembrava aquele dia de perda. Então, driblando o medo de ficar e mesmo o de partir, mudou-se de ares, tinha uma parenta, também viúva, que a convidará a morar contigo, disse que assim, as duas se faziam companhia e que também poderiam superar juntas a falta que sentiam dos maridos.
Sem ter muitas opções, D.Luiza aceitou o convite, vendera a sua antiga casa, doou os móveis e entregou as roupas do falecido para o asilo, subiu para o ônibus apenas com o dinheiro e a roupa que estava no corpo. Rompia definitivamente com tudo aquilo que a prendia ao passado.
Mas, as suas madrugadas eram cruéis, a conduziam, inconscientemente, as marcas deixadas por aqueles dias de tempestade. E como se não houvesse nenhum abrigo seguro isso ainda a atormentava. Muitas noites de pesadelo se acumularam, ficando ela com saldo negativo em sonhos, mas, com o tempo toda a poeira se assentou e foi quando ela começou a respirar com mais facilidade, sem sentir o peso do pó em seus pulmões.
Judite, sua agora companheira de casa, quis fazer uma reforma, achava que as paredes estavam feias e mofadas, como seu coração, queria mais vida por ali e então uma obra ela decidiu iniciar. Consultou um amigo que entendia de construções e saiu em busca de alguém que pudesse lhe mudar as paredes e a alma.
Depois de muito pesquisar, pois não queria alguém que não fosse de confiança dentro de sua casa, principalmente elas sendo tão sozinhas, isso poderia dar o que falar, então, ela contratou Seu Pedro, senhor distinto, bom pedreiro, afamado por toda região, sabia aplicar uma textura como poucos e, além disso, era rápido. Ficaram acertados todos os detalhes e cores, marcando o início da reforma já para o dia seguinte.
Logo cedo, quando mal os galos haviam cantado, ele encostou a bicicleta no meio fio e bateu palmas, D. Luiza que sempre acordava muito cedo veio atender o mestre da obra. Ela ainda não o havia conhecido, olhou fixamente para aquele homem robusto de bigode e barba muito bem aparados, ele prontamente se apresentou e ela imediatamente reconhecera nele partes do seu passado, hipnotizada permitiu que ele entrasse ao abrir todas as suas portas.

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

O que é o amor


Choveu hoje e eu adoro dias assim...
Com céu nublado e respingos na janela...
O silêncio quebrado pelas goteiras me faz sentir menos só...
Acompanho a enxurrada levar as folhas derrubadas pelo vento...
Invejando a mudança das ruas após a chuva...
São lavadas e ao final sempre estão diferentes...
Tudo fora de lugar e de repente uma nova imagem...
Tenho andado muito à flor da pele...
Tantas coisas acontecendo que mal percebo meus dias passarem...
Novas possibilidades se abrindo e eu sentindo tudo tão intensamente...
Permitindo-me provar as mais variadas sensações...
Experiências que vou carregar para sempre...
E tudo que tenho vivido tem sido especial demais...
Estou aprendendo a parar de olhar minha vida pelo retrovisor...
Valorizando menos o que se passou e ficou mais distante...
Há muitos sonhos a serem conquistados ainda...
E saber lidar com isso é um constante desafio...
Por isso dou valor em cada pessoa que cruza o meu caminho...
Assim, vou tendo consciência do que vivo e acima de tudo, do que sinto...
Porque cada pessoa que passa é única...
E umas conseguem tocar tão profundamente nosso coração...
Que mesmo se afastando o sentimento permanece...
Tornando se inesquecíveis, sendo então, guardadas no meu melhor lugar...
E esses sublimes momentos da vida...
São as lindas lembranças que prevalecem na memória...
Simplesmente, porque amar é querer bem...
Amor é cuidado, compreensão, afeto incondicional...
Um sentimento espontâneo por qualquer coisa que lhe faça bem...
Fazendo com que a vida se torne cada vez mais limpa...
Mesmo depois da lama deixada pelas águas da chuva...

terça-feira, 16 de outubro de 2007

Namorico


- Oi...
- Olá...
- O que você está fazendo?
- Namorando...
- Mas só?
- Lógico que não.
- Hum...
- Olhe lá, ela é linda...
- Não vejo nada além de um céu com estrelas.
- Ali, olhe, perto daquela nuvem...
- Por acaso você anda namorando com uma estrela?
- Sim. Por que não? Elas são tão lindas...
- E isso te faz feliz?
- Muito!
- Hum... Será que teria alguma afim de mim?

domingo, 14 de outubro de 2007

Pegadas


Como seguir adiante sem deixar rastros pelo caminho?
Mesmo estando o vento a guiar eles se multiplicam...
Deixando sempre uma sensação de que algo ficou para trás...
Mas, não esquecido...
Na praia em companhia de sombras marcas ficam na areia...
E parte daquela areia impregna os pés cansados de alguém que foge...
Distanciando se cada vez mais das águas...
As ondas do mar, agora agitado, tentam alcançar...
Mas, somente, sobram lhe as pegadas de quem por ali passou...

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Vida no asfalto

Há dias em que tudo parece representar o fim...
Os sonhos se tornam pesadelos...
E o bom dia de um estranho uma provocação...
Mas, como mudar tudo ao redor?
Entregar se a páginas de livros seria uma alternativa...
Mas, as palavras só tocam os que as sentem com o coração...
E, nesses dias, é complicado deixar o coração exposto...
Então, deixar tudo e sair por ai talvez seja uma boa...
Sem direção andar por diferentes ruas e avenidas...
Lugares desconhecidos sempre nos presenteiam com belas surpresas...
Como topar em uma flor que nasce em pleno asfalto...
Ela tão frágil e susceptível demonstra que nada é para sempre...
E que por mais difícil que se apresente um problema...
Quando se tem a esperança renovada com o nascer de um outro dia...
O final sempre nós reservará mais um dia de sol...

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Super-herói


Para viver a mercê do vento...
Tem que ser um pouco super-herói...
Porque nem sempre ele nos guia para onde o coração quer...
E suas forças são ainda mais fortes que nossas vontades...
Possibilitando que encontros e desencontros aconteçam...
Como faz ele em dias de sol e chuva...
Consegue carregar até as mais pesadas nuvens...
Muda as cores do céu e esconde, a seu gosto, o brilho do sol...
É quando o dia fica cinza...
Triste...
Nessas horas, é que se usa a fantasia com capa de herói...
Espere pelo momento certo, afinal, tudo tem sua hora e local...
Só então, estando já de braços abertos se entregue...
Permita-se a aproximação...
Deixe que ele vá aos pouco lhe tocando...
E sutilmente, nesse toque roube toda essa força que ele possui...
Agora, se faça ainda mais forte...
Sopre todas as nuvens cinza que passeiam pelo seu céu...
Veja aparecer o azul e o brilho do sol...
E o dia ficando cada vez mais...
Feliz...

sábado, 6 de outubro de 2007

Conceitos e certezas


Quando certos sentimentos inesperados nos atingem...
As atitudes tomadas são desconhecidas...
E impulsivamente é delatada a vontade de estar mais perto...
De poder sentir o afeto por completo...
Mas, dúvidas e incertezas bloqueiam contatos a mais...
E essas estranhas reações que se tem...
Resultam na necessidade de se afastar por um tempo...
Um momento de fuga onde se tenta comprovar o que é sentido...
No intuito de simplesmente nomear essas novas sensações...
Engraçado, conceituar o que deveria apenas ser sentido...
Porém há o desejo de julgar, reafirmar...
E isso de certa forma é natural...
Pois somos todos frágeis no que diz respeito ao passional...
Porque sempre buscamos relações bivalentes...
E quando não se tem a "certeza" dos sentimentos alheios...
Tudo fica inseguro por demais...

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

A vida é um traço


Estava eu sentada num desses banquinhos de boteco a conversar...
E um dos camaradas que suavemente levantava o copo de cerveja...
Disse uma frase que logo me fez desviar o olhar para ele...
Àquela altura, já não tinha idéia do que realmente pronunciava...
Mas, o fez de uma forma tão natural que parecia ser o dono da palavra...
Enfim, quando ele soltou que a vida é um traço...
Eu que não havia bebido fiquei chapada...
Parei para refletir no quão é intensa essa afirmativa...
Se pensarmos que um traço, significa deixar marcas sobre algo...
Realmente a vida pode ser definida assim...
Somos um conjunto de pontinhos formando um rastro...
Que possivelmente poderá ser encontrado no futuro...
Fiquei imaginando como caiu bem essa associação...
A vida ser um traço e não um risco...
Riscar expressa que uma parte foi removida de algum lugar...
E a existência não é isso...
Pelo contrário, é o acúmulo de intersecções entre os diferentes traços...
Ou seja, viver é sair por ai deixando um pouco de você...
Para que suas partes sejam também minhas...
E as minhas as de alguém que eu ainda não conheço...

terça-feira, 2 de outubro de 2007

Bolinhas de sabão


- Não me empurre, devagar!
- Mas não sou eu...
- Aff...
- São as outras. Não tenho culpa sou pequena e não as consigo segurar.
- As estoure então, ora bolas!
- Mas isso é pecado, crueldade. Elas são como a gente...

domingo, 30 de setembro de 2007

Diaria'mente'


- Bom dia!
- Oi...
- Tudo bem?
- Sim.
- Quer café?
- Não.
- Leite?
- Não.
- Um chá então?
- ....
- ....

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Uma canção


O meu silêncio se afasta ao ouvir uma certa canção...
E por entre as notas vai se aproximando a paz...
Nem mesmo as trovoadas desses dias nublados...
São capazes de mover o que se torna sagrado dentro de mim...
Como se todo o azul escondido por entre as nuvens...
Fosse sendo revelado com o tempo dos acordes...
E eis que surge o magnífico sol...
Iluminando minha alma e me emprestando alegria...
Fazendo com que tudo que era escuro e triste...
Dê lugar ao fogo que aquece e transforma...
Por instantes, não mais me sinto nem bem, nem mal...
Apenas me sinto com tudo que há em mim...

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Quer carona?


Vamos sair do chão rumo às estrelas, que tal...?
Um dia alguém me propôs isso...
É intrigante pensar nessa possibilidade...
Poder voar e rodopiar pelo infinito negro céu...
Simplesmente observando as luzes que vêm do oculto...
Planetas, satélites, corpos...
Enfim, tudo que ainda não se conhece ao certo...
Mas, que possui uma forma de atração impactante...
Como não ficar de boca aberta em dias de eclipse...?
Que por obra de um alinhamento ocorre a sobreposição dos corpos...
E durante esse mesmo instante...
Outros corpos, como o meu e o seu, também desconhecidos...
Encontram-se dispostos ao mesmo objetivo...
Contemplar o belo que há no mistério...
E junto com as estrelas apreciar com calma cada movimento...
Percebendo que nada é distante o bastante que não possa ser sentido...

domingo, 23 de setembro de 2007

Menina boneca de pano


Laura, delicadamente, após mais uma noite de espera despertava de seus sonhos, trazia em sua face angelical um sorriso envolvente, dona de um olhar devorador, capaz de seqüestrar os mais insólitos pensamentos. Ao se despreguiçar abraçava-se como se desejasse a si mesma um bom dia, ao lado de sua cama conferia as horas num pequeno despertador vermelho, colocado ali propositalmente, pois sempre perdia o primeiro tempo de suas aulas. Esticava-se toda como se quisesse alongar mais um pouquinho aquelas horinhas de sono. Inspirou profundamente e ao devolver o ar, pulou da cama. Começava mais um dia de Laura.
Depois de um banho com água quente estava pronta. Ela era tão suave em suas formas e teus traços transmitiam uma doçura penetrante que transformava qualquer amargor de um dia triste. Vestida agora com suas sapatilhas, nas pontas dos pés, ela bailava com a leveza das borboletas, pelas quais era simplesmente apaixonada. Dedicava grande parte de seus dias aos ensaios no palco e, arduamente, no chão buscava sentir todo o seu corpo, entregando-se por completa à arte da dança. Com esmero trabalhava as suas fragilidades a fim de atingir a perfeição dos movimentos, o que a aproximava ainda mais dos seres encantados.
Após todo um dia de ensaios, ela regressa para casa com o sol já se posto, ficava a contemplar a noite como uma boneca de pano que sempre tem os olhos voltados para o céu. Permanecia imóvel por horas a esperar por algum sinal vindo das estrelas. Não se cansava, resistia ao sono por mais que seu exausto corpo de bailarina estivesse clamando por uns minutos de sono.
Rejeitando a companhia de Morpheu, doava-se a lua procurando por entre os nuances de cinza algo que lhe remetesse o semblante de um novo amor. Mas, percebeu que o cinza era muito pálido para colorir uma figura tão cintilante. Ao final de cada noite via que lhe sobrava muito sono e faltava lhe ainda um rosto. Mas, mesmo assim, sempre estava disposta há mais um outro dia.
Era uma segunda-feira e Laura havia dormido muito tarde, o despertador não estava no local habitual e quando deu por si, percebeu que tinha perdido a hora de seus ensaios. Resolveu ficar em casa, tudo em sua volta estava muito estranho, seus objetos já não estavam nos mesmos locais e decidiu por organizar seu quarto naquele dia, afinal ele iniciara diferente.
Depois do banho, arrumou a cama, trocou os lençóis e constatou que suas bonecas de pano haviam mofado, juntou todas em uma sacola e foi colocá-las no quintal, passou pela cozinha onde apanhou uma maça, dando uma primeira mordida quebrou o seu desjejum de uma noite inteira acordada. À porta do quintal acarinhou o cão que balançava o rabo ao vê-la, o correspondeu com um sorriso que iluminou lhe a face.
Perto da cadeira de balanço, tirou uma a uma de suas bonecas, encostando todas na parede, ainda com a maça na mão sentou-se e intercalava cada balançar com uma mordida. Faltando o último pedaço, pondo se a levantar, observou suas bonecas de pano, acompanhando o olhar delas, Laura inclinou a cabeça em direção ao céu, ficando bestificada com a imagem que lhe feria os olhos e tocava o coração. Encontrou a cor mais cintilante que poderia imaginar, estava diante a luz do sol e ela que sempre esperava pela noite. De sobre salto, pôs-se a dançar, e em companhia de uma borboleta, sentia-se completamente contagiada por aquela nova paixão que a chamava.

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Amizade


Ultimamente quando me interrogam como estou...
Não respondo nem que bem, nem que mal...
Apenas digo estar a favor do vento...
Tentando deixar com que ele me guie...
Afinal, não estamos nós a mercê do destino...?
Então, estar de certa forma vulnerável...
É, em muitas vezes, abrir a alma para outros ares...
Permitir com que o desconhecido se aproxime...
E em mágicos e inacreditáveis encontros...
Nasça o belo...
Vai saber o que nos aguarda ao final do dia...?
E antes que se fechem os olhos para mais uma noite...
Algo de novo possa vir aquecer o frio que está dentro de nós...
Como um dos sentimentos mais nobres que se possa compartilhar...
O da amizade...

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Pelo retrovisor


Com tantas idas e vindas, na contramão de sua vida...
Sempre haverá outros que viajam...
E você que caminha sempre correndo ou distraído...
Não percebe aquele ou aquilo que passa ao seu lado...
Agora, pare e pense...
Por mais que você tente buscar com os olhos...
Cada vez mais distante do seu alcance ficará...
Note que tudo vai ficando sempre mais para trás...
Restando a você acompanhar o que deixou pelo retrovisor...
E assim, tudo a sua volta se resumi a um instante que passou...

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Amendoins


Sempre adorei amendoins e preparados de qualquer maneira...
Cru, torrado, encapado ou cozido, todos me agradam por demais...
Somente não gosto muito daquelas pelinhas vermelhas...
Que me deixam louca, por insistirem em ficar grudadas...
Por vezes, nos cantinhos mais impossíveis e impróprios...
Talvez, elas nos agarrem tanto por sentirem falta de companhia...
Afinal, raramente se encontra um amendoim solitário...
E, já parou para observar como eles se encaixam...?
Até parece terem sido engenhosamente desenhados...
Só para caberem tão apertadinhos dentro daquela capinha...
Permanecendo ali protegidos por tempos, até pararem num saquinho...
Daí sabe-se lá qual será seu destino...
E as únicas lembranças que ficam do companheiro de casquinha...
São as impressões dele deixadas em seu corpo como tatuagens...
Marcas de dias de paz sem estar sozinho em meio à multidão...
Porém, elas agora ao serem vistas, aumentam ainda mais o aperto no peito...
Conseqüência desse sentimento chamado saudade...
Que atormenta a alma de quem fica a espera por quem um dia partiu...
E você, sabe por onde anda deixando suas marcas...?
Porque em algum lugar, possivelmente, alguém está sentido a sua falta...

sábado, 15 de setembro de 2007

Beija-flores


Otávio, menino franzino, bem pouco popular em meio às outras crianças de sua idade, tipo de garoto que prefere os recantos mais desertos, mas, mesmo assim, sorrateiros olhares insistiam em atingi-lo, deixando sua face ainda mais rosada. Pela calçada caminhava contando os passos para não se perder, pois sempre se distraia com os beija-flores, acompanhava os seus vôos até uma próxima parada, numa outra rosa, achava bonita a mistura das cores das penas com as das flores.
De tanto observar o voar desses pequeninos passarinhos, reconhecia a distância todos os tipos de beijos que eles davam, possuíam uma incrível habilidade de num simples toque extrair por entre as pétalas, o escondido néctar, uma espécie de poção que os deixava diferentes, como se houvessem saboreado um doce enfeitiçado com felicidade. Agora, saciados, eles partiam em outras direções, simplesmente furando as nuvens ou desviando de algum poste. Porém, de súbito, ao passar por uma copa florida eles pairavam no ar e como se existisse algum tipo de encanto, estavam dispostos a mais um selinho, e assim, Otávio ia acompanhando o namoro dos beija-flores.
Seus dias eram quase sempre iguais, a não ser quando tinha aulas de Geografia, eram as únicas aulas que não se sentava na frente, nessas, ele preferia ficar ao fundo, chegava mais cedo, arrastava sua carteira favorita e punha-se no último lugar da fila do meio. Com um simples abanar de cabeça cumprimentava os colegas que o olhava, os outros não, esses, ele apenas observava aonde iriam se sentar. Ia contando um a um, até perder os números quando aparecia na porta aquela imagem que lhe furtava um leve sorriso. Rapidamente sua timidez lhe denunciava e tinha nas bochechas ruborizadas o contra tempo das batidas de seu coração.
Disfarçado por trás de uma folha branca, ele perseguia atentamente cada movimento daquela criatura, ao menor barulho desviava o olhar e voltava logo em seguida, atônito via em seus gestos a sutileza do vôo dos beija-flores a rodopiarem diante a uma rosa, nos olhos a cor das folhas, na mão estendida que escrevia sobre os oceanos no quadro o toque suave do beijo, e ele paralisado só conseguia desenhar no caderno o seu retrato, a leveza nos riscos, a sombra nas curvas, tinha uma preocupação imensa com os pormenores, como se aquele momento fosse feito para os dois, mas, os minutos pareciam correr e como em todas as outras aulas soou o sinal, era hora da despedida, apesar de querer sempre ficar um pouco mais, e num breve aceno, o tchau. O lápis caia sobre a mesa e com fúria rasgava mais uma folha, nunca dava tempo para terminar o desenho. Todos sempre ficavam inacabados, faltando algum detalhe. Como uma rosa sozinha a espera pelo beijo de um beija-flor.

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Sorrisos são contagiantes


Não me canso de dizer...
A felicidade está nas simples coisas...
Principalmente nos sorrisos que nos são dados com a alma...
Aqueles que iluminam tudo o que nos rodeia...
O sorrir da alma é contagiante, por ser ele o verdadeiro...
Abençoa quem o recebe deixando feliz quem o dá...
Sendo isso possível apenas em ligações covalentes...
Onde não há perder ou ganhar...
E a alegria do gostar se faz assim, a partir do bem-querer...
Porém, quando se cresce esquece das pequenas coisas...
Deixamos de ser cativados por olhar sempre pelo mesmo prisma...
O gostar condicional, dependente...
A vida só é cativante por todas suas transformações...
Por nunca ser igual e assim também são as pessoas...
A partir do momento que começar a ouvir o coração...
Aprenderá a mais bonita das lições...
O coração não tem olhos, não vê...
Mas sente...
E é por meio dos sentidos que descobrirá o que há de belo nas pessoas...

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Lágrimas em flores


O que fazer para transformar lágrimas em flores...?
Se quando diante ao único jardim que encanta...
Todas as rosas despetaladas parecem chorar...
E ao ver essa cena com um estranho aperto no peito...
Nem mesmo o dia com sol e chuva vale a pena...
Por mais que numa mão estendida haja lenços...
Eles sempre serão insuficientes...
Não há o que seque esse vale de lágrimas...
E aprisionado dentro desse labirinto sem saídas...
A única esperança é encontrar oásis em desertos...
E por lá tentar extrair perfume de espinhos...
Talvez, essa fragrância possa acalmar as flores...
Transformando seus medos em coragem...
Para que elas ao final do dia gerem novos botões...

terça-feira, 11 de setembro de 2007

Anjos e feriados


O feriado acabou...
Meus dias voltaram ao normal...
E como se fosse uma pintura...
Dentro da minha cabeça...
Está presente aquela visão...
A imagem que me encantou...
Nessa vida...
Ainda estou aprendendo a andar...
Apoiando-me nas paredes do silêncio...
Tento desvendar para onde vou...
Sinto a presença de anjos ao meu redor...
Mas minhas mãos não os alcançam...
Diferentemente do meu coração...
Será que eles vão estar comigo todo o tempo...?
Mesmo em dias de feriado... ?
Espero que os anjos não precisem descansar...

quinta-feira, 6 de setembro de 2007

Na teia


Apesar de não gostar muito de aranhas...
Confesso que elas têm me sido essenciais...
Contribuindo de sobre maneira com a preservação de meus sonhos...
Mantendo longe de mim a infernal zoada dos pernilongos...
São insetos interessantíssimos, com hábitos ainda mais curiosos...
Possuem certas habilidades que me causam inveja...
A forma como apanham suas presas...
Armando suas teias por entre os cantos...
E mantendo se alerta para qualquer tipo de movimento...
É sem dúvida um tipo de caçada muito sagaz...
Se caso fosse uma delas e tivesse suas habilidades...
O que ou quem você gostaria de capturar...?
Analisando bem, talvez pudesse aprisionar qualquer coisa...
Dependendo somente de como e onde a sua teia estivesse armada...
Nesse tipo de captura passiva, onde se espera a vinda da presa...
Podem-se ter várias surpresas ao final...
E tudo se resumirá num instante de atração...
O que nos faz sentirmos atraídos por alguém ou algo...?
Quiçá o mistério existente no desconhecido que nos seduz e atiça...
Provocando nossa imaginação e desejo de posse...
Embora o perigo, em muitas vezes, possa estar envolvido...
O fato de querer se aproximar e estar perto ainda o supera...
Por fim se vê totalmente envolvido por teias...

segunda-feira, 3 de setembro de 2007

Esquadros


De um apenas sentir nasceu Esquadros...
Uma busca por algo além do que está nítido aos olhos...
A procura do encanto das simples formas...
É a tradução dos sentidos em palavras...
Apenas pequenos toques na alma...
Como uma suave carícia que deixa impressões...
Brincando com a magia das palavras...
A poesia da vida vai se revelando...
E o encantamento se faz surgir no que é sutil...
Totalmente por culpa do acaso ou da sorte...
Os desconhecidos se encontram e reencontram...
Aflorando em si sensações dèjá vu...
Porque o que faz sentir é a essência...
Algo que cada um traz dentro de si...
Suas experiências do bom e do ruim...
E os pequenos quadros pintados na memória...
Vão aos poucos sendo revividos por outros ângulos...
E assim, como diz o Anitelli...
“Os opostos se distraem e os dispostos se atraem”...

domingo, 2 de setembro de 2007

Pimentões


Há algum tempo atrás eu não comia nada que viesse acompanhado de pimentão...
Odiava o gosto que permanecia em minha boca...
Então, sempre o deixava no canto do prato...
Pobre pimentão, discriminado...
Entre todos os outros, por que eu não gostava dele...?
A cebola que tem sabor pior já não me incomodava...
Talvez, porque a não percebesse em meio à comida...
Podiam inventar pimentões transparentes...
Isso viria a ser uma solução...
Como por enquanto essa possibilidade não é real...
Estou me habituando às cores desse simples vegetal...
Somos seres extremamente ajustáveis...
Acostumamos com quase tudo e todos...
Sejam com coisas que nos agradam ou não...
E em muitas vezes...

Adaptamos porque não mais se tem esperança que algo mude...

quinta-feira, 30 de agosto de 2007

Labirintos


Como desvendar a mente humana... ?
Preso a um labirinto de pensamentos...
Desvendar teus mistérios é encontrar a saída...
Mas se não temos direções nem roteiros...
Perdido se fica por entre os muros da racionalização...
E nunca poderá chegar ao centro...
O coração...
Porque somente dele pode-se ver claramente onde se está...
E por entre os diversos caminhos...
Somente veias e artérias podem lhe levar por toda parte...
Unindo as duas dimensões quase incompatíveis...
O físico e a alma...
E nessa conjuntura nasce o mágico...
O que há de mais belo...
O ser completo, sem conceitos...
Apenas dispostos a caminhar em direção a saída...
Buscando em si o suspiro que o mantém vivo...
O desafio de encontrar a felicidade...
Escondida no labirinto de seus medos...

quarta-feira, 29 de agosto de 2007

Basta!


Há dias em que se acorda querendo dizer tudo que se pensa...
Sem importar em ferir ou se machucar...
As conseqüências não são barreiras...
E as palavras são apenas frutos de reações...
Incomoda-me em ver meus objetivos serem engavetados...
E ter como desculpa a falta de oportunidade...
Uma coisa que não se encontra...
Mas que se cria...
Quantas gavetas deveria haver em nossas estantes...
Para guardar todos os nossos sonhos...?
Por que depender da boa vontade de outros para sermos... ?
Não quero ter nada...
Tão pouco de alguém...
Não peço por qualquer tipo de privilégio...
Apenas, por um pouco mais de sensibilidade...
Por aqui, só o bamba virá tema de samba...
Não busco sair em capas de revistas...
Mesmo porque não dou a mínima para a mídia...
Gostaria simplesmente, que alguém como eu...
Dissesse a todos esses canalhas...
Que insistem em nos fazer de palhaços...
Um belo, Basta!

segunda-feira, 27 de agosto de 2007

Tudo é muito claro


Clara era jovem, mas sua aparência não condizia com seus anos de experiência, seu semblante era frio, distante, como se houvesse acumulado todo o cinza do inverno. Parte do seu tempo destinava em organizar papéis amarelados pelos anos, a cada hora uma nova pilha se formava e outra se queimava, as destruía com a mesma velocidade que as lia, tinha adquirido uma técnica incrível de leitura rápida. Afinal, mais pilhas deveriam ser formadas até o final do dia. Não se importava muito com o que diziam as letras impressas nas folhas, apenas tinha que ler.
A outra parte de seu tempo ela dedicava-se a interpretar sentimentos alheios, e para isso, fazia de suas janelas, portas e frestas, seus binóculos. Gostava de ficar descalço, porque achava que faria menos barulho caso alguém batesse a sua porta. Apesar de isso nunca acontecer. Seus vizinhos nem imaginavam de sua presença naquela casa velha.
Era cedo e a brisa da manhã se evaporava lentamente com os primeiros raios de sol, como se aquele vapor tocasse em Clara, subitamente ela se levantava e colocava-se diante aos seus binóculos. Pela porta da frente via os pedestres passando pela calçada a brincar com as folhas molhadas e ela anotava em seu caderno: Esses parecem estar felizes, mas ainda é cedo.
Correu para a janela lateral, de lá pode ver claramente a varanda do vizinho e ele com um beijo a se despedir da esposa e filhos. Fez nova nota: Esses parecem estar felizes, mas ainda é tão cedo.
Ao escutar uma sirene, subiu pela velha escada para o segundo andar e pela fresta da cortina pode ver na escola crianças correndo pelo pátio. Novamente anotou: Esses parecem estar felizes, mais ainda é cedo demais.
Foi para seu quarto analisar o que havia anotado naquela manhã, não entendia o porquê de todos amanhecerem tão felizes. O que de especial poderia acontecer tão cedo para que os deixassem tão eufóricos, achou que talvez nenhum deles tivessem tido pesadelos e por isso estavam daquela maneira, mas ela também não os tinha tido e não estava irradiando felicidade, de relance olhou para um calendário e viu que era o primeiro dia de verão, e só então percebeu que haviam passado tantos dias, desde a última vez que se viu feliz. Foi quando Clara entendeu que eles estavam felizes simplesmente porque os dias passam e que eles ainda estavam vivos.

domingo, 26 de agosto de 2007

Um abismo


Dias de chuva com aquela serração branca e céu todo cinza...
Sempre me remetem a dias tristes e pensativos...
Como se ao despertar eu percebesse que o encantamento acabou...
E que todos os sonhos não passam agora de recordações...
E ao afirmar que eles, realmente, não poderiam acontecer...
Demonstra que somos ainda mais fracos e covardes...
Um tipo tolo de justificativa para a fuga de certos sentimentos...
Por quanto tempo pode-se deixar que dúvidas e receios nos afastem...?
Que grandes certezas são essas que permitem a perda... ?
Transformando nossas vidas em lembranças de noites belas...
Por culpa do medo de tentar se bloqueia momentos de alegria...
Fazendo com que nossos limites pareçam ser maiores que eles são...
E o resultado disso tudo no final, é a saudade...
Sentimento alimentado pela distância criada por nossas fraquezas...
Deixar passivamente que ocorram sucessivos desencontros...
É construir um abismo entre você e sua felicidade...

sexta-feira, 24 de agosto de 2007

Palavras


Por que as palavras têm esse grande poder de nos tocar...?
Há frases lidas que em determinados momentos...
Deixam a nítida impressão de terem sido escritas a nós...
Coincidências ou não...
O importante é que isso revela que somos todos iguais...
Compartilhamos de mesmos sentimentos...
Procuramos sempre pela mesma coisa...
Respostas...
Certezas para as dúvidas e medos que guardamos...
Mas, que por vezes batem à porta...
O que as palavras escritas por outros dizem...
Nada mais é o que insistimos em não afirmar para nós mesmos...
Não há como controlar a força do vento...
Mesmo que tentamos nos esconder em redomas...
Um dia, certamente ela vai balançar...
E a não ser que você se esconda em algum buraco...
Distante de tudo e de si mesmo...
Não provará dos prazeres existentes nas palavras...
Principalmente, naquelas saboreadas de pouquinho a pouquinho...
E a cada letrinha degustada nos faz sentirmos tão bem...
Que até aquela sensação de inquietação diante a um perigo vem...
Trazendo um único temor...
O de que ao passar a próxima página da vida ela esteja em branco...

quarta-feira, 22 de agosto de 2007

Noites com sol


Quando certos reencontros acontecem sempre nós deixam diferentes...
Por trazerem recordações de momentos únicos...
Fazendo com que o dia ganhe outros ares...
Essas lembranças que são guardadas em cantinhos especiais...
Devem ser escondidas em lugares onde somente nós temos acesso...
Porque são importantes demais para deixarmos à mostra...
Então, o melhor esconderijo para elas é o coração...
Há algum tempo atrás achava que tudo estava perdendo a graça...
Que meu olhar para os diferentes esquadros havia se perdido...
Mas, hoje, percebi que estava apenas cumprindo meu destino...
Passando por uma louca alternância de sentimentos dentro de mim...
Dúvidas, medos, transferências e ilusões...
E nessa noite de reencontro com alguém que se fazia distante...
Tudo que era escuro fez se clarear pela luz de um sol...
Uma estranha energia voltou a iluminar minha alma...
Deixando meus pensamentos leves para voarem novamente...
E isso, é o anúncio de que a paz está voltando...

segunda-feira, 20 de agosto de 2007

Limites e vontades


Quando se responde a alguém que se está bem...
Apesar de saber que não se sente assim...
Deixa uma sensação sombria no ar...
Mas também, quando se percebe que não se está pior...
Conforma-se e afirma que se sente bem...
Na verdade, infelizmente, somatizamos os momentos ruins...
E deixamos passar os bons...
Os bons, por serem bons, passam no tempo correndo...
Alojando-se na alma para mais tarde deixar saudade...
Os maus são mais fortes e provocam dor e por isso ficam presentes...
Não somos preparados para lidar com momentos ruins...
Desde cedo se cria a idéia de um mundo feliz, sem desilusões...
Fomos programados para buscar a felicidade...
Mas não ensinam que para tê-la temos que passar por alguns desafios...
E que os maiores obstáculos somos nós mesmos...
E o nosso medo de tentar...
Nesse mundo não existe, nem a felicidade, nem a infelicidade...
É como o sonho, utopia...
Desejada porque quereremos acreditar em algo mais bonito...
Ai está o sentido da vida, uma constante busca da felicidade...
Que é simplesmente a recompensa da superação de nossas fraquezas...
Procuramos o que não podemos alcançar...
Esquecendo aquilo que a vida nos dá de bonito...
Como o amor de quem nos ama sem nada pedir...
Porque procuramos o amor que não existe naquele que simplesmente desejamos amar...
A vida seria bem mais fácil se ela fosse vivida de instante a instante...
Sem esperar nada mais do que isso...
Mas somos todos movidos pela paixão...
Um sentimento que só existe enquanto há o desafio...
O desafio de conquistar, de estar perto, de poder ter...
E quando esse desafio é conquistado acaba-se a vontade...
E caímos num ciclo vicioso e perigoso...
Quando na verdade só precisamos de um porto de abrigo...
De um abraço onde podemos chorar e rir sem ser questionados...
Ai está o amor...
Algo terno, sereno...
E que sobrevive porque não é condicional...
Mas, saber viver o amor é complicado...
Já que temos sempre que dar muitas explicações...
Amar simplesmente por amar, ninguém já ama assim...
O amor tornou-se egoísta, quer explicação em vez de sentido...
Quer raciocino no lugar da loucura...
E tem ciúme no lugar de simplesmente se entregar...
O amor não se explica, sente-se, só assim se ama de verdade...
Os encontros imprevisíveis são aqueles que mais alimentam a alma...
Pois trazem sorrisos ou lágrimas que não se esperam...
Mas que tem todo o sentido...
A sorte nada mais é que o resultado do acaso...
E o acaso nada é, senão uma questão de sorte...
São os pequenos esquadros da vida...
Onde caminhos se cruzam...
Cabendo ao nosso olhar desvendar os mistérios...
E saber que em cada cruzamento existe a opção de seguir só ou não...
De sorrir ou não...
E principalmente a opção de viver ou não aquilo que nos é dado em cada caminho que se cruza...
Opção, uma palavrinha não muito coerente com destino...
Mas, que talvez sejam até irmãs...
O destino coloca se a nossa frente...
E optamos por aquilo que achamos ser melhor para nós...
E de onde vêm essas grandes certezas em saber o que é melhor para nós...?
Se na verdade somos pequenos produtos de conceitos...
Nossos desejos nem sempre se condizem com nossas opções...
Tão pouco com aquilo que conquistamos...
Optamos em prol daquilo que achamos ser certo...
Mesmo quando na verdade queríamos optar por outro sentido...
A vida impõe seus limites...
E por recear ultrapassá-los...
Escondemos nossa fraqueza naquilo que é correto...
A dor dos poetas nos mostra o quanto deixamos aquilo que nos faria sorrir por aquilo que nos faz chorar...
Apenas porque é o certo...
Os poetas, esses são os únicos que conseguem ver o essencial...
Porque vêem com o coração...
Então dessa forma não há limites, regras ou conceitos...
E assim percebe-se que nós somos os limites da nossa própria vontade...

domingo, 19 de agosto de 2007

Reticências


Sim...
Perdemos muito tempo tentando explicar algo...
E por isso se perde o encanto existente nas coisas simples e sutis...
Pense, para que existem as reticências...?
Um versátil sinal de pontuação...
Série de três ou mais pontos num texto...
Elas indicam a interrupção de um pensamento...
Deixando facilmente subentendido o que não foi dito...
Ou a omissão intencional de certas coisas...
Que se não devia ou não podia dizer...
Mas, mesmo assim, acabam sendo sugeridas...
Insinua segunda intenção, emoção...
É quando se percebe que nada é exato...
Como se houvesse sempre algo implícito...
Cabendo a nossa sensibilidade o poder de desvendar...
Completar frases perdidas...
É construir elos, aproximar afinidades...

quinta-feira, 16 de agosto de 2007

És o mistério


O que é um abraço se não um toque na alma...
Um encontro de dois corações...
Quando se fecha os olhos e numa inspiração...
É possível sentir o corpo se aconchegar em outro...
Está revelada a sua capacidade de amar...
Um amor terno, puro...
Aquele que conforta e aproxima...
E não pede nada em troca...
Nesse momento único ver se que tudo é maior...
Que supomos, com nossa arrogância, imaginar ser...
Então se permita abraçar e ser abraçado...
Deixe com que lhe toquem...
Somente a partir daí poderá compreender...
O grande mistério da vida...