segunda-feira, 30 de julho de 2007

Surpresa


Tenho certa simpatia por acontecimentos imprevistos...
Aqueles que nos surpreendem...
Deixando na cara uma nítida expressão abobada...
Como se não acreditasse que seria possível...
Por diversas vezes se abre e fecha os olhos...
No intuito de certificar que tudo é mesmo real...
Há certas coisas, que deduzimos só ocorrer por graças da imaginação...
Mas, em um dia qualquer, elas passam a serem palpáveis, sentidas...
Destruindo qualquer convicção que se tenha...
Surpresas são assim...
Confisca todo o senso racional...
E permiti que a emoção se extravase em segundos...
Nem mesmo o medo que se possa enfrentar é lembrado...
O mais importante nesses momentos está ali...
Diante dos olhos e visível somente pelo coração...

sábado, 28 de julho de 2007

A ponte


Depois de um certo tempo em meio a árvores e pássaros...
Por sinal, ótimas companhias para quem deseja um período de internalização...
Resolvi-me por sair da floresta onde me encontrava...
Exausta, por dias de muito andar...
Vi uma estrada férrea com velhos trilhos...
Segui caminhando por entre os dormentes...
E como se eles guiassem as rodas do meu destino...
Dei-me de encontro com uma deserta ponte...
Era estranho, pois não visualizava o final dela...
Pelo seu estado de abandono...
Havia algum tempo que nenhum trem por ali passava...
Parei e em minha cabeça pairou a dúvida...
Se no outro lado não houver nada além de mais ferrugem...
Por que deveria eu continuar por aqueles caminhos...?
Mas, algo me atraia para o final da ponte...
Não sabia ao certo o que era...
Horas se foram e eu permaneci ali observando...
Tentando descobrir por entre as folhas algum sinal de vida...
Porém, não conseguia ver muita coisa...
Então percebi que somente saberia mais de mim e do outro lado...
Quando deixasse de imaginar tudo o que poderia acontecer...
Enganei meus maiores medos e quando eles não estavam me olhando...
Dei meu primeiro passo...
E foi assim que pude estar diante de quem não conhecia...

terça-feira, 24 de julho de 2007

Eu me amo


Em outros tempos, certos tipos de encontros teriam finais diferentes...
Mas quando se está livre do fantasma que se chama passado...
Tudo muda e as ações deixam de ser apenas reações...
Porque se percebe que quando o passado assado dura...
Tudo fica muito complexo e o futuro não passa de um velho queimado...
Ouvir um “eu te amo” baixinho no ouvido e não sentir nada é incomum...
E certamente, é um sinal que acabou de se dar tempo ao tempo...
Talvez, daqui pra frente se torne uma nova pessoa...
Bom, uma nova pessoa não, que tal, uma pessoa com novos objetivos...
Não se pode deixar as experiências para trás, esquecidas...
Pois elas servem de referência para os novos encontros...
Não se importar com o que pensam ou não de você...
É fundamental para se sentir livre...
Poucas pessoas têm o poder de se fazer presentes em nossas decisões...
A liberdade só é completa quando libertamos de nós mesmos...
É quando se aprende a gritar ao mundo: “eu me amo”...
Significa que a única importância, no momento, somos nós mesmos...
A alma fica livre, leve, solta e acima de tudo feliz...
Pois está desprendida de fatos do passado, fantasmas ou culpas...
É como se o eu me amo fosse sua carta de alforria...
Onde todos os laços existentes se desfizessem...
E que agora poderá dar outro rumo aos seus caminhos...
Não se preocupando com nada, nem ninguém, pois estará só...
Apenas você com você e para você...
Então, como se renascesse, hoje, é o primeiro dia de uma nova vida...

domingo, 22 de julho de 2007

Sim e não


Nos últimos dias tenho preferido ficar sozinha...
Meio que distante de tudo e todos...
Estou precisando de um lugar silencioso...
Onde nada interfira em meus pensamentos...
Para que eu possa me decidir...
Entre o sim e o não...
Sim ou não, para um novo desafio...
Sim ou não, para novas oportunidades...
Não ou sim, para possíveis mudanças...
Não ou sim, para conseqüências...
Se, realmente, o destino nos guia, por que fazer escolhas...?
Parece uma grande perda de tempo tudo isso...
Ficar horas, dias, pensando no caminho a seguir...
E no final lhe dizem que sua escolha já era mesmo pré-determinada...
Esse tal de livre arbítrio deve existir mesmo só para nos testar...
Quantificar vontades e desejos...
Acabar com minhas unhas...
E, por fim, nos conduzir para o que tinha que ser...

sábado, 21 de julho de 2007

Por engano


Quando uma paixão se revela um engano...?
Talvez seja quando os desencontros começam a acontecer...
Nossas expectativas nem sempre são alcançadas...
Principalmente, se construímos ilusões perante o desconhecido...
Mas, não poderia ser diferente...
Porque buscamos no outro somente o que pode ser visto pelo coração...
E quando esses enganos por ventura nos pegam de surpresa...
O desconforto parece ser ainda maior...
Já que não há volta quando uma alma está aprisionada a outra...
Somente o tempo poderá amenizar a sensação que aperta o peito...
E nos faz sentirmos totalmente desprotegidos...
Como se estivéssemos na solidão a dois...
Afinal, quem está ao seu lado não é exatamente quem imaginou...

quinta-feira, 19 de julho de 2007

Primeiro contato


Sabe quando você, do nada, esbarra em uma pessoa...
E sente que a conhece de algum lugar...
Talvez, até de uma outra vida, quem sabe...?
Mas o interessante é a sensação que fica...
A estranha vontade de dizer apenas um olá...
E o olhar desse alguém permanece na memória...
Como se estivesse a devorar os mais insólitos pensamentos...
Então, o dia demora a passar...
Porque tem pressa de retornar ao lugar do encontro...
Todavia, pode ser tarde demais e seus destinos não mais se cruzarão...
Sobrando apenas o desejo de algo mais depois de um primeiro contato...
E seu trajeto diário não mais será o mesmo...
Pois sempre andará pelas ruas buscando outros passos...

segunda-feira, 16 de julho de 2007

Imagem


Até onde uma imagem nos importa...
Para recordar de alguém é necessário apenas fechar os olhos...
Somos presos a aparências...
Talvez porque estamos adaptados ao convencional...
Recortes de fotos simplesmente são guardados em gavetas...
As palavras não, essas ficam para sempre na memória...
Mesmo distante de quem se possa ouvir...
A voz do coração é sempre mais alta que os quilômetros...
E ela se faz chegar no instante em que mais se precisa...
No momento que a angústia toma conta da alma...
Porque o sentimento de saudade invade...
E somente, uma boa recordação faz acalmar o pranto de quem está só...

domingo, 15 de julho de 2007

Bichos e Trepantes


A Lygia Clark


Madeira...
Plástico...
Papelão...

Bronze...
Cobre...
Metalão...

Retos...
Planos...
Retorcidos...

Colados...
Separados...
Fundidos...

Brincadeira, diversão e arte...

sábado, 14 de julho de 2007

Amor de vinho


Implícitos em pequenos pecados...
Muitos frutos de prazer...
Sutis recados da alma...
Deixando ébrio de querer...

Em uma taça de vinho...
Um pouco do sabor proibido...
E quando louco de amor se está...
Torna-se totalmente perdido...

Não destruo ilusões por você...
Invento motivos para lhe encontrar...
Em meus sonhos estar no seu segundo andar...

O tempo já não me acompanha...
Então, desisto em meio às curvas...
É triste, porque toda reta é torta...

quinta-feira, 12 de julho de 2007

Numa onda


Como seria ver a vida de dentro de uma onda...?
Em segundos, tudo pareceria inexato...
Porque que não haveria espaço para muita racionalização...
Teríamos que resolver nossas indecisões no momento da queda...
E não existiria a possibilidade de um “deixa para depois”...
Por muitas vezes se permiti que as dúvidas ofusquem a emoção...
É quando se perde viver tudo como num todo...
Adiar o que se pode sentir hoje para amanhã é um risco...
Talvez, a onda lhe surpreenda e seja maior que você imagina...
E lá do fundo das águas não poderá mais aproveitar o dia...
Só então compreenderá...
Que todo o tempo que se passa por aqui é curto por demais...
E por mais que o tentamos segurar em nossos relógios...
Ele sempre será incontrolável...

quarta-feira, 11 de julho de 2007

Recado por uma borboleta


Realmente, só temos noção de quanto gostamos de algo...
Quando esse algo por instantes se distancia...
Não sabia ao certo o quanto você estava em mim...
Mas, tive uma amostra do que acontecerá com minha vida...
Caso você, repentinamente, saia dela...
Vi meu dia passar em cada segundo no relógio...
Simplesmente, para que em algum momento dele...
Eu pudesse receber notícias suas...
Até uma folha de papel qualquer me lembrava você...
E mais curioso que isso...
Foi quando uma borboleta invadiu o meu quarto...
Dizem que sempre que elas vêm nos visitar...
É sinal de que trazem algum recado...
Espero mesmo que essa crença seja verdade...
Pois, estou mesmo querendo mandá-la até você...
Para lhe dizer que te gosto muito...


PS.: A quem está distante...

terça-feira, 10 de julho de 2007

Manhãs frias


Sem ter muito o que fazer ou pensar...
Resolvi sair andando por uma dessas ruas...
Distraída simplesmente contemplava o vento...
Que tocava em minha face...
Deixando a sensação de eu estar um pouco menos sozinha...
Ele me fazia companhia nessa manhã fria de inverno...
Onde os dias são curtos e cinzas...
Cenários que contribuem para que os pensamentos vagueiem...
Trazendo recordações adormecidas...
Lembrei-me do meu último encontro com alguém...
Parecia até mesmo estar sonhando...
Apesar do dia inteiro ainda está por vir...
É bem verdade que tudo permanece escuro...
Mas, talvez hoje o sol apareça mais cedo...
Afinal, sinto que minha luz ainda está acessa...
E embora eu deseje estar a sós...
Não estou com ninguém...

sexta-feira, 6 de julho de 2007

Antes que seja tarde


Segure-me...
Antes que eu caia...
Antes que eu fuja...
Antes que eu saia...
Toque-me...
Antes que meu corpo não lhe sinta...
Antes que nada mais me surpreenda...
Antes que sua mão não me alcance...
Beije-me...
Antes que o último dia anoiteça...
Antes que o sol não mais me aqueça...
Antes que meus olhos se fechem...
Ame-me...
Antes que eu deixe de estar perto de você...
Antes que meu amor acabe...
Antes que seja tarde...

quarta-feira, 4 de julho de 2007

Onde está você?


Não me preocupo muito com a chuva que cai...
Apenas gosto de ouvir os pingos atingirem minha janela...
Ofusca a visão que tenho do resto do mundo...
Lá fora tudo parece calmo...
Ninguém pelas ruas...
Somente escuto as goteiras desaguarem...
E no chão vai deixando suas marcas...
Sinais de um dia nublado...
A água se acumulando em poças...
Onde as folhas levadas pelo vento flutuam...
Elas disputam por pequenos espaços na superfície...
Como se soubessem que o sol está por vir...
Só que o espaço é muito curto...
E muitas acabam afundando...
Nem sempre se está onde gosta...
Muito menos onde se precisa estar...
Isso é muito comum...
Muito normal...
E muito chato.

Abraço


Hoje, fiz uma coisa que há muito tempo não fazia...
Abracei alguém...
Não fora só um...
Mas, uma dezena de braços e corações que se aproximavam de mim...
Num instante de euforia e contentamento...
Recebi afeto de alguém que não conhecia...
Minha timidez sempre me privou de certas sintonias...
Nunca compartilhei muita coisa, mas nesta tarde banqueteei...
Mesmo estando em círculo...
Tinha olhos aos cantos que por relances pareciam me devorar...
Não muito distante uma mão acenava, brigava com o ar...
Ria daquela criatura que sorria para mim...
Ela não tinha medo de mim...
Eu tinha medo de amar...
Então, sem mais identidade eu não sabia bem onde estava...
Leste, oeste, norte ou sul?
Para poder mudar a minha vida...
Procuro por algo que ainda não conheço bem...
Corro sem destino para achar algum lugar...
Só não me peçam para ir devagar...
Porque o tempo não pára...
Mesmo perdendo o chão em algumas vezes...
Ainda encontro algumas portas abertas...