Pro dia nascer feliz!

Será que posso perguntar? Mas que besteira, a resposta está dentro de mim...
Hoje posso demorar, amanhã talvez...
Para onde esse carro me levar, eu vou viver.
Se por acaso o pneu furar, vou resolver...

Da varanda vejo a lua, está enevoada, círculos ao seu redor se formam.
Nesse círculo eu me jogo e fico a girar,
Tonta o bastante a cama se segura,
Nua enrosco me nas cobertas...

É manhã, ou será tarde, mas o sol já está forte...
Não encontro relógios pela casa, vou para o chuveiro..
Deixo a água me seduzir e envolver com seu calor.
Lavo o corpo e acalento minha alma...

Volto para o quarto, pego uma roupa qualquer..
Não tenho nenhum lugar para ir.
Olho para o canto vejo no computador a série que não acabou..
Encosto a porta e boa noite!

Retorno

De cima das nuvens tudo ainda é muito distante..

A visão do espaço embaça a realidade,

Lá os pensamentos giram como as hélices do avião, 

Porém o tema é sempre o mesmo, será que isso e normal?

Como toda viagem, a cada pouso sempre tem algo diferente,

Nunca é tão igual, parece que já vem escalado para isso..

Rotas que se cumprem e outras que ainda precisam ser amadurecidas...

Quero acreditar que algo dentro de mim mudou, 

Que não mais anseio por dias perfeitos, mas apenas que ao final dele algo mudou,

Ou melhor, que eu mudei..

Quanto mais gira a Terra, valorizo ainda mais os segundos,

Desejar um bom dia e ao final dele agradecer por tudo que aconteceu.

Não há mal ou bem, tudo depende de como estamos evoluídos,

Há lugares que nos fazem sentirmos totalmente perdidos e isolados,

Uma solidão ambientada, porém diferente do que sinto por dentro,

Realidade com medo da solidão e entregue a fraqueza da indiferença...

Nos olhos e no coração, segredos que revelam a alma, 

Porém, muitas vezes imperceptíveis..

Já não tenho mais medo de seguir e nem vou mais me mudar, 

Tenho aprendido que a felicidade está nas pequenas coisas do meu querer...

Vou seguir os dias, passo a passo, num único sentido, produzir o bem!

Não quero grana, nem luxo,  quero apenas ao final do dia conseguir mudar uma vida,

Então para que retornar ou mudar se for em vão? 

Ouvir a madrugada

Divagar pela madrugada, aproveitar o silêncio da noite, deixar com que os pensamentos venham sem interrupção da campainha ou da televisão, aproveitar a brisa da janela aberta e com ela viajar, passear por outros ares, quartos ou camas, companhias da solidão.

Olho pela janela e inúmeras lampadas iluminando o sertão, mas dentro do quarto, um calor que sufoca e cola a roupa no corpo e com o suor, camisa molhada no chão. Seria uma boa conseguirmos levar um pedaço do mar para todas as regiões do país.

A noite parece distante, o dia que mudou de horas, ainda em horário as avessas, nada me convida para a cama, tento exaurir minhas energias para que esse corpo adormeça, ou simplesmente, me embriago com o doce veneno, logo o dia amanhece!

Vazio o quarto quente, no computador alguns filmes antigos para esquecer e relembrar de alguns tempos, mas logo, perco o fio da meada dos diálogos e esses viram apenas pano de fundo, como uma canção de ninar.

Estou cansada, irritada, ansiosa e frustrada, sentimentos que se misturam e formam a bela combinação de mais um dos momentos de episódios, hoje, mas amenos, aprendi a usar certas muletas para proteger meu corpo e a alma dos que me amam.

Destroços se fazem em segundos, ações são percebidas em pensamentos, porém reações podem durar uma vida toda, remoendo os porquês!! Não existem porquês, apenas certas coisas devem acontecer com seu tempo.

Cada um por si, é ignorância, nem os bárbaros tinham essa técnica de guerra, sabiam que lutar sozinhos eram facos demais contra todas as criaturas que haviam de enfrentar, mas juntos tinham forças para domesticar dragões.

Desculpe a todos se passei tão depressa, não tive a menor intenção, apenas, não sabia que minha presença poderia fazer diferente, sempre foi arredia, apegar-me a outrem simboliza fraqueza, burrice tamanha, ao chegar ao final da madrugada e perceber que o mais prazeroso é ter sonhos imensamente povoados.

Deixem a falsa mentira de lado e se entreguem ao que realmente vale a pena, nunca se sabe quando será o dia de amanhã!

Mensagem eleitoral

Deixe a língua falar, 

Deixe estar por está,

Deixe com que pensem,

Deixe motivos para isso...

Deixe tudo para lá..

Deixe o tempo passar..

Deixe pensar em ficar bem,

Deixe acreditar nisso.

Deixe os pensamentos darem voltas no mundo...

Desligue as tomadas que te prendam,

Deixe de brigar por extensões,

Desenhe seu caminho por onde quer que vá...

Verbalize, simbolize, grite, mova-se!

Duvide que deixar como está é bom,

O singular não se pode deixar,

tão pouco esperar deixar o amanhã o levar...

Viagem

Alerta aos navegantes, vamos passar por diversos lugares encantados, fiquem com os olhos cardíacos bem abertos e esqueçam os cintos de segurança, porque nesse barco não há perigos.

Ande por onde for, visite todas as outras cabines, conheça os seus vizinhos, vá a cozinha, roube do bolo confeitado e principalmente faça ótima amizade com o bar tender, nessa viagem para alguns eles serão seus melhores amigos!

A tripulação está aguardando sua presença, sinta-se em casa, serão longos meses de viagem, ela será sem dúvida, seu maior ponto de apoio, conforto e segurança, sem contar do Pai Capitão, deposite nele seus valores e não arrependerás.

Aos demais, abusem do tempo, faça dos seus dias como se fossem os últimos e saiam por ai distribuindo amor, caridade e muita humildade, porque nesse barco, de nada adianta tesouros e egoísmo, todos estão presos no mesmo lugar onde essas grandes coisas de nada tem valor, aqui, você vale o que você é!

Abrace seu manual de bordo, nele encontrará passagens, histórias, parábolas e ensinamentos que só mesmo o Mestre dos mestre poderia ter produzido, não se acanhe em segurá-lo contra o peito, isso é normal, significa que aquele abraço é extensivo, e um símbolo de submissão.

Traga para sua viagem apenas o que lhe for necessário, ou seja, você!

Sendo assim, todos a bordo, vamos levantar ancoras e içar velas!

Cansada

Nos olhos as lentes que aumentam as letras, corrigem certos defeitos de fabricação humana, mas e quando certos defeitos não tem consertos físicos?

Como transformar os dias e fazer com que suas vontades sejam realizadas e até mesmo ao final de um dia árduo trabalho, você possa se libertar e simplesmente sonhar, desprender dos papeis, calculadores, computadores e ver outros ares. Tenho aprendido que a humildade e paciência, nos ajudam a compreender que nem sempre teremos tempo em cumprir toda a agenda, tão pouco construir uma vida com muros totalmente alinhados, sem nenhum desvios e trincos. 

Viver exige habilidade, uma habilidade que se adquire e conquista a casa dia, no diferente mode de pensar e conduzir nossos espíritos por aqui,  nem todos os prazeres são mundanos e nem todo mundo dá prazer, mas ai está o segredo de conduzir uma vida plena, tentar fazer do hoje, o hoje, o que se pode fazer hoje, faça, o que não der, não pode se tornar numa fonte de tormento , tortura ou sensação de incapacidade, 

Não pode se tornar um refém do amanhã, porque dele só podemos ter a certeza que ele pode acontecer ou não, então, se está num trabalho, atividade, situação que exige de você mais que os milésimos de segundo do relógio, isso significa, que você ainda não aprendeu a viver.

Cristo levou 3 dias para construir o mundo e você pode estar de olhos fechados para eles por um vida toda, não se permitir e respeitar, cansa. Cumprir obrigações, não é uma tarefa prazerosa, bom mesmo  é fazer bem querer, porém, elas estão ai, as suas e as dos outros, não permita que as suas se tornem as dos outros, todos estão aqui por um objetivo e missão, não há pesos maiores nem menores, na verdade que acrescenta ou diminui o peso é o nosso livre arbítrio.

Mas é no Amor do Mestre, que deve-se aquietar, buscar a serenidade nos humildes e acima de tudo, ser caridoso com você mesmo, isso em momento algum o te faz um egoísta, porque alguém só pode estar disposto a outrem se estiver com consigo.

Orações para um Deprimido

Pedir ao céu clemencia por um pecado ou por um milagre é pura confirmação que independentes, de tipos de orações ou religiões somos completamente tementes a um Ser Supremo.

Apegamo-nos ao desconhecido na esperança de ter uma manhã com sol forte e iluminador, mas até onde é vontade do Ser Supremo ou consequência do nosso livre arbítrio? De nada adianta o sol queimar peles e ferver o asfalto, se as cortinas continuam fechadas, o sol ainda teimoso se atreve a ultrapassar as frestas das cortinas.

O calor invade o quarto, o edredom vai para o chão fazer companhia para um ser em depressão, difícil levantar da cama e encarar de cara limpa os pensamentos vorazes dos outros, nessa hora o pior sentimento não é a dor que até por vezes que chega a ser física causada pela doença, mas, o mais devastador é a culpa de não conseguir se movimentar como antes.

A fome desaparece, a água só serve para escovar os dentes e limpar os olhos colados, atitudes infantilizadas que minimalizam e minimizam a quantidade de respostas a se dar, pior, respostas que não se tem. Vi uma entrevista da Clarice no Programa  Provocações, nitidamente, pode se observar uma mulher depressiva, que usa do cansaço como desculpa pelo seu silêncio. Estava ali em corpo, mas vai saber onde aquela mulher queria estar? Talvez em mais uma coleção de ondas, já que gostava tanto das águas.

Enfrentar a dor de maneira honesta, com amor, caridade e humildade, não sei por que, mas ameniza,  a tal ponto que em alguns dias você percebe que passou apenas por mais uma crise e que seu abrigo continua a lhe esperar de braços abertos.

As lágrimas transbordam os olhos porque ainda não se sabe o que acontecerá nos próximos dias, mas as lagrimas que ao mesmo tempo reflete tristeza e frustração, são sinais de um poder de purificação, onde terras inférteis poderão ser encharcadas e novos germes de esperança brotaram.

De tudo, aos que tem a depressão como companheira fiel, desestabilizando sentimentos e produzindo dores insuportáveis, devem fazer com que mesmo o invisível de mostarda transborde, FÉ, ORGULHO, HONRA, CORAGEM  E FORÇA, dessa forma, não se está alimentando não só o pó para qual todos um dia há de voltar, mas estará iluminado aquele quarto escuro e alimentando corações abatidos e cansados que virão a se curar e logo você se sentirá em casa novamente.

Samba do seu jeito

Abrir a porta,  deixar o sol entrar, 

nessa sintonia, de que o dia vai começar, 

canto, canto pra o mal afastar... 

sinto, meu corpo se animar...

Não tem, não tem brincadeira não...

Por enquanto, crua e nua diversão.

Levanta esse corpo moço, 

Esse coração preguiço, tem que trabalhar...

No fogo, junte o pó e o açúcar,
balance, dance, com o café a borbulhar,

Sem adoçantes, o dia vai começar...

Logo, logo, desligue o botão pra despertar...

Acorde,  que já é hora...
O tempo de silêncio ficou pra trás..

Banho frio, para arrepiar,

Maria, se apresse, o pão quente não pode faltar...

Ahh.. se todo samba fosse assim, 

não haveria, pobre de mim,

ou pobres de nós...

Como Tom e Chico

Entre um gole e outro e na fumaça do cigarro vou desvendando os mistérios que brincam com as palavras, nunca soube muito bem como ler poemas ou crônicas, sempre foi atraída pelos diálogos dos livros, Clarice com seu humor obscuro e Agatha Christie com suas novelos encantados, leituras rápidas porém superficiais, livro finalizado, livro guardado na prateleira!

Hoje ouvi numa canção o Anitelli, para quem ainda não teve o êxtase em ouvir, procure pelo Teatro Mágico, enfim, o ouvi, dizendo que queria ser Chico, isso me aguçou a ideia, nunca achei graça no Chico, suas canções melancólicas e de finais tristes, nem mesmo nos sambas há luz, só pinceladas de arrependimento do hoje e frustrações do amanhã.

Gosto do Anitelli, gosto da sua melancolia, mas acima de tudo gosto da maneira descontraída com que trata a dor, essa é implacável, não cura de um dia para o outro, não se abstrai em remédios, apenas dói, e loucos somos em acreditar que a dor um dia passa. Ela jamais passa, apenas se transforma num rancor que inunda o coração de um vazio existencial ou numa epifania que acha graça no xixi do cachorro de rua.

O Tom do Tom me envolve e preenche, tipo de música que você anestesia os pensamentos, somente para sentir com o coração como algo tão sublime foi transformada em versos e melodias. Hoje, sou do Tom, do tom de esperança que acredita na Garota de Ipanema e principalmente nas Águas de Março que lavam qualquer impregnação cardíaca, estou precisando disso, de um vendaval com correntezas, meu coração anda pesado demais para continuar a bater.

Então é isso, vou ficar nesses dias com o Tom, no tom e deixar com que o tom do meu grito seja ouvido sem distorções, que seja compreendido não pelos intervalos das notas que o compõem, mas nos intervalos do silêncio que divide uma nota e outra.

Ao meio

O meio-fio convida, sento e acendo um cigarro.

Nunca liguei em estar no chão,

Risco o fósforo na pedra,

Rabisco o que não sei...

As ruas são estreitas, nada de avenida.

Desafio o risco, divido espaço com os carros.

Coração feroz passa veloz.

Amanheço na contra mão...

Imagino a volta que a esquina da vida dá,

Descendo a ladeira vejo o menino brincar...

Miro o olhar, gosto de brindar.

Perco a saída, nada está no lugar...

Desfragmentar

Desfragmentar sentimentos não é tarefa fácil, separar pequenos pedaços de lembranças, cheiros, cores, catalogar tudo nas pastas da realidade e do sonho, do passado e do futuro, tudo muito misturado...

Parece impossível, é cansativo, por vezes, doloroso demais, como uma ferida que não cicatriza. Limpo as bordas, tomo remédios, cubro, mas o vento e o pó insistem em invadir a gaze. Novamente dói.

O que me empolga e contagia está num copo vazio, liberdade inconsciente, ações e reações, atos e consequências, traumas na manhã seguinte.

Quero mergulhar, ir fundo, esvaziar e ver o que me sobra, deste corpo, preciso de uma chama, um gatilho para a vida. Uma alegria verdadeira, um sorrir despretensioso, a fagulha que socorre.

Nesses dias de silêncio, minhas mãos agitadas gritam, meus olhos percebem o que não vi e escuto que ainda há barulho de pássaros. Que ainda há vida. Esperança.

Um monte de fragmentos coloridos, embaralhados, misturados, mas mesmo assim, ainda coloridos, vivos.