domingo, 24 de agosto de 2008

Não tão só


Mãos a se tocar e nos lábios o desejo de um beijo, assim são seus rápidos encontros. Olhares a desvendar pensamentos, no peito um ritmo descompassado, alternância de tons produzida pela surpresa.

Seu dia se iniciará bem cedo, tivera uma daquelas de suas noites velozes, acordou com uma imensa vontade de se entregar ao aconchego do travesseiro, porém o relógio insistia em disparar, sem muitas alternativas pulou da cama, ligou a TV e foi para o banheiro. Em baixo do chuveiro tentava manter-se em pé, mãos na parede equilibravam o corpo cansado. Os dias de inverno não estavam sendo misericordiosos com ela.

Ficou sob a água por uns 15 minutos, mas o desejo de ficar tornou-se latente, ela desligou a torneira e se enrolou na toalha, aumentou a TV, sentia-se só, precisava de companhia, alguém que compartilhasse com ela aquele amanhecer sem muito sol. Lá fora as nuvens a encobrirem as montanhas, gostava de dias assim, gostava de ficar sozinha, acreditava que havia dias em que precisava ficar sozinha, mas de uns tempos para cá, D. Luiza anda com medo de ficar sozinha e principalmente, anda com medo de ficar com o coração sozinho.

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Certos sonhos


Corpo cansado, pensamentos em desencontros, no quarto do hotel se estende por baixo do cobertor, seus olhos lutam contra o sono, abre e reabre por infinitas vezes o livro, precisava ler algo ainda, mas não conseguiu resistir muito e por fim, entregou-se a quem lhe roubava as forças.

Ela acreditava que sonhos poderiam mesmo se tornar realidade e por isso, vagava durante os seus, viajava longas distâncias e mesmo com asas cansadas, ela se encontrava clandestinamente com quem a fazia bem.

Deixou-se levar pelos encantos da lua cheia e permitiu com que ele a domasse e a conduzisse num balé de estrelas, estiveram por algum tempo com os corações atados, mãos quentes e respirações ofegantes. D.Luiza agora andava se entregando a sua paixão até em sonhos.

sábado, 2 de agosto de 2008

Será?


Dia meio triste, sensação de angústia a preencher o peito, coisas que não acontecem trazem ansiedade, mil afazeres e muitos ainda por fazer, numa correria onde não se conta distância, mãos e pernas agitadas e na cabeça uma impressão de que há muito fora do lugar.

Arrumou a cama, esticou-se no edredom, colocou os fones de ouvido e no MP3 a trilha sonora de sua vida, canções que a confortava, que a fazia acalmar, seus braços sobre o peito apoiava o livro de crônicas, as letras conduziam seus olhos e mais impressões vinham em sua cabeça.

Dois toques no telefone a resgatou, girou o corpo e alcançou o aparelho, no escuro os números se misturavam, o movimento mecânico nas teclas a ligava com sua outra metade. Após alguns segundos de espera, sua angústia se desfez ao escutar um “Oi meu bem”. D.Luiza sentia se esquisita, uma constante sensação de falta, como se parte dela havia se perdido, ou quem sabe, seqüestrada, ela estava como refém, refém de seus sentimentos e desejos.

Ela não sabia, ou melhor, nunca soube lidar com certos tipos de ligações, deixava sempre o telefone desligado, tinha medo de chamadas clandestinas e principalmente, tinha medo daquilo que ela sempre desejou ter. Estarás D. Luiza apaixonada?