quarta-feira, 29 de abril de 2009

Coisas que gosto


Gosto quando seus olhos se recaem sobre os meus...

Gosto quando nossas frases soam como coral...

Gosto quando os dias ficam cada vez menores...

Gosto, ainda mais, quando todas as noites contigo parecem ser velozes...

terça-feira, 17 de março de 2009

Logo Aqui!!


No abraço, o encontro de dois corações...
Dois corações que se comunicam por um beijo...
Um beijo único, especial, capaz de aproximar almas que se encontram distante...
Nesse instante, não compreendem espaço ou tempo, apenas sentidos...
E o arrepio que eriça os pêlos, estremece o corpo...
O mundo parece girar quando os pés desprendem do chão...
Mãos que se aproximam do calor, sem medo de queimar...
Vazios pensamentos de ontem, desejos satisfeitos por uma vida inteira...

segunda-feira, 9 de março de 2009

Logo ali...


Num dia daqueles em que todas as cores se fundem e só resta aos olhos os tons de cinza, as mãos agitadas tentam a todo instante alcançar o novo, na aquarela sobre a mesa, pequenos respingos germinam, no coração a angustia cede espaço para a esperança e um esboço de sorrir brota na face.


O vento frio ameaça, mas ao mesmo tempo afasta as nuvens, girando sobre os pés olha para o céu, o brilho do sol fere seus olhos, mas se encanta com a proximidade da lua, brinca com as mãos no ar, parece se contagiar.


Perto dela o mesmo vento brinca com os cabelos das crianças, levanta a saia da mulata e desarruma o penteado da madame, observando tudo ao seu redor percebe que toda essa simplicidade é mesmo verdade, que o colorido está bem diante aos olhos e compreende que todo cinza é resultado da mistura de sentimentos quando se quer saber demais.


domingo, 15 de fevereiro de 2009

Sementes

Abre as janelas e vê o vazio das ruas, o silêncio da manhã lhe assusta, acostumará com as buzinas, sirenes e anúncios. Sentia-se acompanhada. Saía cedo com as sacolas nas mãos e no porta moedas a lista de compras, desejava ouvir uma voz amiga, mas seus ouvidos apenas capturaram gritos desconhecidos.
Sabia que acabaria assim, aos poucos todos foram indo e só ela ainda mantinha seus hábitos, destemida enfrentava o peso dos seus anos, andava na contra mão e gesticulava com braveza para quem lhe chamasse a atenção. Não gostava de piedade, gostava sim, de pão de queijo.
Estranha ou não, ela tinha alguns modos não muito convencionais, deixava todas as luzes acessas durante o dia, acreditava que assim economizaria tempo em acendê-las novamente mais tarde, marcava com um ponto as páginas lidas do livro, por fim, percebeu que reiniciou sua leitura várias vezes e que nunca se lembrava do que havia marcado, mas sim apenas dos finais.
Desistiu do diário, achou melhor guardar suas experiências na memória, gavetas são muito perigosas para a vida. Ela pode ser invadida e devorada por ratos e baratas ou, simplesmente, mofar com o tempo. Já na memória era terreno fértil para sua imaginação, brotavam sementes de todas as espécies, frutíferas e daninhas dividiam o terreno sem muitos cruzamentos entre raízes, cada qual no seu neurônio quadrado.
Ela que construiu seu castelo de vida com tijolos de desafio, aprendeu ganhar e perder, mas aprendeu acima de tudo que todo tijolo numa construção é importante, o quebrado existe para alertar ao inteiro o perigo de se estar no lugar e hora errados, sendo assim, a vida vai se construindo em experiências e recordações, cabe a cada um o discernimento nas escolhas. Toda semente é capaz de brotar, mas poucas são as espécies que resistem e dão bons frutos.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Entre trilhas


Longe de sua casa ela sempre buscava por coisas que a mantinham ocupada e distraída, havia nela uma vontade de descobrir novos caminhos, quando criança reinventava trilhas e atalhos por dentro da manga que a separava da escola a casa. Brincava com o capim comprido, o vento agitava as folhas mais altas, e ela deixava pousar em sua mão aqueles delicados pelinhos voadores, suavemente os assoprava, uns voltavam ao seu itinerário, outros se desfaziam e faziam com que o brilho do sol ficasse ainda mais bonito.
Caminhava sem pressa, apesar de temer o cair da noite. Na memória os avisos de sua mãe e logo intercalava passos longos entre outros mais curtos. Gostava do silêncio daquele lugar, havia apenas a companhia dos pássaros e de outros bichos que se embrenhavam entre os arbustos.
Na mão direita uma varinha, às vezes a batia numa pedra, outras, se protegia de um capim mais afiado e assim eram suas tardes de volta para casa. Por muito tempo fez esse percurso, não que não gostasse muito de andar todos aqueles quilômetros, porém tinha que contar seus segredos para o vento, fiel e bom ouvinte. Tagarelava sobre tudo e todos e esperava as respostas com a mudança de direção ou numa rajada mais forte. Ela nunca fora de muitas amizades, sempre teve dificuldades em confiar nos semelhantes, por isso preferia estar com o vento, com as trilhas, com sua a varinha e com seu gasto par de sapato.
O tempo foi passando e ela deixava de ser uma criança, aos poucos via seu corpo mudar, pensamentos e desejos também, no seu mundo de adolescente havia agora mais responsabilidades, mais disciplinas na carteirinha da escola, mais incertezas e, infelizmente, menos tempo para trilhas.
Uma prova que estava mais crescida foi quando ganhou uma bicicleta, saiu sozinha rumo ao colégio, a principio ficou aliviada, pois encurtou em muito as distâncias, podia acompanhar facilmente suas novelas. Logo que passou a euforia do novo presente e aquele gostinho de independência, ela foi voltando a sua velha rotina, mas agora estava diferente, vivia amuada nos cantos, nos intervalos das aulas sentava sempre no mesmo degrau da escada ou então, em dias mais barulhentos, refugiava se no beiral do segundo andar, poucos arriscavam em incomodá-la lá, tomou gosto por aquele lugar, ali buscava por reencontros, esperava um ruído, um sinal de que ele novamente a tocaria. Sem perceber foi ela se afastando do seu amigo vento, suas conversas foram trocadas por ofegantes respirações, sua atenção agora estava voltada para os carros, seus olhos miravam o andar desengonçado do pipoqueiro e nos ouvidos as loucas buzinas que não aproximam ninguém, havia abandonado o assentar dos pelinhos voadores e passou a absorver a fumaça do caminhão.
Ela que até de mãos soltas se equilibrava sobre aquelas duas rodas, perdia aos poucos e sem se dar conta o centro de gravidade do seu coração.