
Clara era jovem, mas sua aparência não condizia com seus anos de experiência, seu semblante era frio, distante, como se houvesse acumulado todo o cinza do inverno. Parte do seu tempo destinava em organizar papéis amarelados pelos anos, a cada hora uma nova pilha se formava e outra se queimava, as destruía com a mesma velocidade que as lia, tinha adquirido uma técnica incrível de leitura rápida. Afinal, mais pilhas deveriam ser formadas até o final do dia. Não se importava muito com o que diziam as letras impressas nas folhas, apenas tinha que ler.
A outra parte de seu tempo ela dedicava-se a interpretar sentimentos alheios, e para isso, fazia de suas janelas, portas e frestas, seus binóculos. Gostava de ficar descalço, porque achava que faria menos barulho caso alguém batesse a sua porta. Apesar de isso nunca acontecer. Seus vizinhos nem imaginavam de sua presença naquela casa velha.
Era cedo e a brisa da manhã se evaporava lentamente com os primeiros raios de sol, como se aquele vapor tocasse em Clara, subitamente ela se levantava e colocava-se diante aos seus binóculos. Pela porta da frente via os pedestres passando pela calçada a brincar com as folhas molhadas e ela anotava em seu caderno: Esses parecem estar felizes, mas ainda é cedo.
Correu para a janela lateral, de lá pode ver claramente a varanda do vizinho e ele com um beijo a se despedir da esposa e filhos. Fez nova nota: Esses parecem estar felizes, mas ainda é tão cedo.
Ao escutar uma sirene, subiu pela velha escada para o segundo andar e pela fresta da cortina pode ver na escola crianças correndo pelo pátio. Novamente anotou: Esses parecem estar felizes, mais ainda é cedo demais.
Foi para seu quarto analisar o que havia anotado naquela manhã, não entendia o porquê de todos amanhecerem tão felizes. O que de especial poderia acontecer tão cedo para que os deixassem tão eufóricos, achou que talvez nenhum deles tivessem tido pesadelos e por isso estavam daquela maneira, mas ela também não os tinha tido e não estava irradiando felicidade, de relance olhou para um calendário e viu que era o primeiro dia de verão, e só então percebeu que haviam passado tantos dias, desde a última vez que se viu feliz. Foi quando Clara entendeu que eles estavam felizes simplesmente porque os dias passam e que eles ainda estavam vivos.
A outra parte de seu tempo ela dedicava-se a interpretar sentimentos alheios, e para isso, fazia de suas janelas, portas e frestas, seus binóculos. Gostava de ficar descalço, porque achava que faria menos barulho caso alguém batesse a sua porta. Apesar de isso nunca acontecer. Seus vizinhos nem imaginavam de sua presença naquela casa velha.
Era cedo e a brisa da manhã se evaporava lentamente com os primeiros raios de sol, como se aquele vapor tocasse em Clara, subitamente ela se levantava e colocava-se diante aos seus binóculos. Pela porta da frente via os pedestres passando pela calçada a brincar com as folhas molhadas e ela anotava em seu caderno: Esses parecem estar felizes, mas ainda é cedo.
Correu para a janela lateral, de lá pode ver claramente a varanda do vizinho e ele com um beijo a se despedir da esposa e filhos. Fez nova nota: Esses parecem estar felizes, mas ainda é tão cedo.
Ao escutar uma sirene, subiu pela velha escada para o segundo andar e pela fresta da cortina pode ver na escola crianças correndo pelo pátio. Novamente anotou: Esses parecem estar felizes, mais ainda é cedo demais.
Foi para seu quarto analisar o que havia anotado naquela manhã, não entendia o porquê de todos amanhecerem tão felizes. O que de especial poderia acontecer tão cedo para que os deixassem tão eufóricos, achou que talvez nenhum deles tivessem tido pesadelos e por isso estavam daquela maneira, mas ela também não os tinha tido e não estava irradiando felicidade, de relance olhou para um calendário e viu que era o primeiro dia de verão, e só então percebeu que haviam passado tantos dias, desde a última vez que se viu feliz. Foi quando Clara entendeu que eles estavam felizes simplesmente porque os dias passam e que eles ainda estavam vivos.
6 comentários:
Maravilhosa mensagem minha linda e doce mocinha...
Obrigada por estar sempre a nos presentear...
Beijo cheinho de carinho e desejos de coisas boas...só coisas boas!!!e que em cada amanhecer vc se sinta feliz!!!
Parabéns !! adoro esse estilo e a imagem está perfeita..gostaria de ser presenteada mais vezes...
Como é gostoso acompanhar esse seu crescimento...virando gente grande
Muito me orgulho de vc e que Deus,
continue cada vez mais, iluminando essa cabecinha de alta alma tão grande...
Valeu ...
Ro*
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O que vc escreveu me fez lembrar daquela história da mulher que via a sujeira da casa do vizinho pela vidraça da janela e não percebia que o que estava sujo era o vidro de que ela era constituída, o qual esquecera de limpar. Em sua história, acontece o mesmo às avessas, pois ela enxerga beleza fora de seu espaço de vivência, com isso, acaba esquecendo-se de alimentar a alegria de sua vida. Clara bloqueia a sua visão para dentro de si e caminha às cegas, sem compreender pq é a única infeliz...
Assim somos tantas vezes... preocupamo-nos em compreender pq as pessoas são tão felizes e nós não, quando, na verdade, felicidade (ou alegria, se preferir) é simplesmente uma maneira de vislumbrar tudo e todos que nos cercam.
beijo de boa semana!**
Muito bacana o texto! Viver o hoje e o agora... não adiando os sentimentos, os momentos, não anulando a vontade de ser feliz e deixando escapar por entre as mãos, tal qual quem olha pelo vidro da janela o tempo passar... Um excelente dia senhorita Huntress!
nao esquece de mim nao, ta?
Eu fico cada dia mais feliz com os comentários que vocês deixam por aqui...
É de uma sensibilidade tamanha...
Assusta-me às vezes ver como vocês capturam perfeitamente esses esquadros...
Revelando que tenho em minha volta pessoas que não esqueceram de ver com o coração...
E mesmo que haja dias em que o melhor local para se ver a vida é por trás das vidraças, tem-se a medida e o tempo certo para se abrir as janelas...
Até a volta... até a próxima... até um dia...
Valeu...
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