sábado, 11 de outubro de 2014

Como Tom e Chico



Entre um gole e outro e na fumaça do cigarro vou desvendando os mistérios que brincam com as palavras, nunca soube muito bem como ler poemas ou crônicas, sempre foi atraída pelos diálogos dos livros, Clarice com seu humor obscuro e Agatha Christie com suas novelos encantados, leituras rápidas porém superficiais, livro finalizado, livro guardado na prateleira!
Hoje ouvi numa canção o Anitelli, para quem ainda não teve o êxtase em ouvir, procure pelo Teatro Mágico, enfim, o ouvi, dizendo que queria ser Chico, isso me aguçou a ideia, nunca achei graça no Chico, suas canções melancólicas e de finais tristes, nem mesmo nos sambas há luz, só pinceladas de arrependimento do hoje e frustrações do amanhã.
Gosto do Anitelli, gosto da sua melancolia, mas acima de tudo gosto da maneira descontraída com que trata a dor, essa é implacável, não cura de um dia para o outro, não se abstrai em remédios, apenas dói, e loucos somos em acreditar que a dor um dia passa. Ela jamais passa, apenas se transforma num rancor que inunda o coração de um vazio existencial ou numa epifania que acha graça no xixi do cachorro de rua.
O Tom do Tom me envolve e preenche, tipo de música que você anestesia os pensamentos, somente para sentir com o coração como algo tão sublime foi transformada em versos e melodias. Hoje, sou do Tom, do tom de esperança que acredita na Garota de Ipanema e principalmente nas Águas de Março que lavam qualquer impregnação cardíaca, estou precisando disso, de um vendaval com correntezas, meu coração anda pesado demais para continuar a bater.
Então é isso, vou ficar nesses dias com o Tom, no tom e deixar com que o tom do meu grito seja ouvido sem distorções, que seja compreendido não pelos intervalos das notas que o compõem, mas nos intervalos do silêncio que divide uma nota e outra.

Nenhum comentário: