Desfragmentar sentimentos não é
tarefa fácil, separar pequenos pedaços de lembranças, cheiros, cores, catalogar
tudo nas pastas da realidade e do sonho, do passado e do futuro, tudo muito
misturado...
Parece impossível, é cansativo,
por vezes, doloroso demais, como uma ferida que não cicatriza. Limpo as bordas,
tomo remédios, cubro, mas o vento e o pó insistem em invadir a gaze. Novamente dói.
O que me empolga e contagia está
num copo vazio, liberdade inconsciente, ações e reações, atos e consequências,
traumas na manhã seguinte.
Quero mergulhar, ir fundo,
esvaziar e ver o que me sobra, deste corpo, preciso de uma chama, um gatilho
para a vida. Uma alegria verdadeira, um sorrir despretensioso, a fagulha que
socorre.
Nesses dias de silêncio, minhas
mãos agitadas gritam, meus olhos percebem o que não vi e escuto que ainda há
barulho de pássaros. Que ainda há vida. Esperança.
Um monte de fragmentos
coloridos, embaralhados, misturados, mas mesmo assim, ainda coloridos, vivos.
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