segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Ir e vir



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Era manhã de um dia de Domingo, o sol se guardava por entre as nuvens e ao redor olhares aflitos dirigiam-se para o céu. A qualquer instante a nuvem passaria e lá estava ele a esquentar aquela nova manhã.
Havia levantado disposta a se entregar ao mar, tinha esperança que na água sua alma enfim flutuasse. Na areia deixou apenas a toalha e os chinelos e caminhou seguindo outros passos, que diferente dos dela, vinham.
Imaginou que por trás daquelas pegadas alguém tinha acabado de ficar mais leve, como ela queria estar agora, sentia seu corpo preso, enraizado em terrenos hostis, onde pequenas formigas estavam a lhe roer as folhas e os frutos. Seria bom entrar no mar. Sentir se levada pelas ondas. Afundar na areia fofa e emergir buscando ares de liberdade.
Aproximou-se da beira. A água trazida pelas ondas beijava seus pés. Num misto de euforia e receio deu o próximo passo. Agachou-se e com as mãos molhou o rosto. Sentiu o salgado doce do prazer.
Deixou-se levar e quando percebeu seu corpo estava boiando, com braços e pernas abertos brincava como criança. Havia perdido as raízes, podia voar. Sonhar. E nesses seus sonhos apenas imagens que lhe faziam suspirar. Os olhos abertos fitavam o sol e mesmo ele, agora estando todo exposto, não conseguia lhe ferir, pois ela que já havia aprendido a driblar as formigas, começava a aprender também, a desviar seu olhar para lugares que não lhe machucassem.


PS.: Obrigada pela imagem Narrador...
Texto gerado ao som do Keane - On a day like today...
Gostei disso, vou tentar colocar agora todas as músicas que ouço ao rabiscar meus esquadrinhos...

2 comentários:

Anônimo disse...

Belo texto e imagem...vejo que andas inventando moda pra modi miorá nosso cantim...rs
Beijo meu amôrrrrrrrrrrr. te amu!!!

Anônimo disse...

Bom, amiguinha, não vou discorrer aqui sobre a leitura que fiz a respeito do seu texto, pois já a comentei contigo em outro momento. Prefiro, agora, falar da questão da morte, seja ela metafórica ou real. Morrer nos assusta, nos faz relutantes, pois depois deste "fim" não temos idéia do que nos espera. Sabemos que, depois da derradeira hora, só teremos uma tarefa: adaptarmo-nos ao novo. Interessante notar que, em seu texto, "morte" relacionou-se diretamente com "vida", já que o encerramento de certo "estado de coisas" significou, no contexto, o consolidar de um estado mais ameno, em que a leveza e a liberdade são o mote.
Muitas vezes, é necessário morrer para, então, a vida que em nós habita radie sem qualquer indício de sombra ou poeira. Seria mais ou menos como a lagarta "morrendo" para o surgimento da borboleta.
Beijo carinhoso! **