sábado, 8 de novembro de 2008

Apenas degraus


Pés se equilibrando no meio frio, olhos a diante, braços abertos como quem espera um abraço e no coração uma saudade latente. Desviar de degraus nunca foi sua maior habilidade, não percebia os desníveis do solo, tão pouco de sua vida. Há muito viveu presa em suas construções de papelão, pequenos desenhos que se desmanchavam com os pingos de chuva e no chão apenas as marcas de seus sonhos.
Estava a experimentar novos territórios, descobriu que podia voar sem asas, desistiu então de inventar planos miraculosos, percebeu que o simples sempre era o melhor caminho. Desafiou seus manuscritos e se entregou aos sentidos, houve dias de sacrifício, pensamentos dolorosos e perturbadores, aqueles que afastam o sono e alimentam pesadelos.
Os dias passam, os passos se transformam em rastros e tudo ao redor se resume em encontros e reencontros, desabotoou os botões que prendiam seus medos, aprendeu a ouvir os sinais e entendeu que a vida tem perigo, mas não que ela seja o perigo. Resolveu viver um dia de cada vez, o início de sua vitória sobre os degraus.

9 comentários:

Vâmvú disse...

Lindo texto. Tão verdadeiro...
Um degrau, um passo de cada vez... o risco existe e é na vida e não que ela a seja...
Perfect!!
Bjs

Unknown disse...

Obrigada pela visita e comentário...
Tenho que confessar que gostei muito de ter escrito este texto...
Até mais...
Beijinho!

Narradora disse...

Gostei desse texto de um jeito especial.
Sabe quando a gente aprende a andar de bicicleta? acho que é meio assim em tudo: construções de papel e rodinhas, até escadas e andar sem as mãos no guidom.
É verdade que a vida tem perigos, mas que ela não é o perigo.
Bonito, como sempre, mas de um jeito diferente.
Beijo.

Luiz Gonzaga B. Jr. disse...

Apesar de meu território ser a tristeza, gostei deste texto "esperança". Os passos transformando-se em rastros me inspiram. Inspiração...

Anônimo disse...

Oi LU... maravilhoso seu texto... a cada dia vc me surpreende com o dom das palavras e da tua inspiração... eu também descobri a voar sem asas... a vida nos ensina rsss... abraços..
Pedr@Azul

Laura disse...

Que delicia seu texto...
suave e belo.
Sempre alimentando a alma... e esse em especial saciou...
bjos querida.

:.tossan® disse...

Gosto muito de textos como este teu. Ótimo de ler. Abraço

Anônimo disse...

Enfim, a tão esperada libertação! Mãos apanhando estrelas de sonho sem, no entanto, tirar os pés da areia da realidade...
Bjinho, amiguinha! **

Unknown disse...

Viver um dia de cada vez, valorizando o simples da vida...
Belo texto, minha linda mocinha.
Saudades de você Lu.
Beijo carinhoso.