quinta-feira, 20 de março de 2008

Atravesse


Ao desistir de sonhos e objetivos...
Acaba por se soltar as rédeas do próprio destino...
Perdendo assim o controle da vida...
Se diante a um mero descontentamento dá se por vencido...
Aí sim, todas as desventuras podem significar o fim...
Passando a não mais acreditar na felicidade...
E ser aos outros olhos um objeto de piedade...
Assumir vontades é ultrapassar os limites interiores...
Às vezes pode realmente ser muito perigoso...
Mas, onde não há perigo...?
Atravessar para o outro lado de uma ponte é um exemplo...
Porém, ficar parado esperando, também o é...

domingo, 16 de março de 2008

Amor


É doce, uma brisa suave na alma...
É carinho, um sorriso meigo em cada amanhecer...
É sonho tranqüilo...
É um desejo quente, aconchegante...
É a partilha da alma e da dor...
Estar enamorada é isso tudo mais todos os sintomas da paixão!

quarta-feira, 12 de março de 2008

Como andas?


Há quem ande pelas ruas apenas a observar borboletas...
Prendendo suas cores no pensamento...
E afastando da alma todo o cinza que engole os dias...
Há quem ande pelas ruas apenas a observar pessoas...
Prendendo suas formas no pensamento...
E afastar da alma todo o vazio que alimenta a saudade...
Mas ainda há quem ande pelas ruas apenas por andar...
Sem colecionar cores ou formas...
Sem querer afastar-se de nada...
E talvez sejam essas as pessoas que conseguem desbotar o cinza da saudade com felicidade...

domingo, 9 de março de 2008

Entardecer com arrebol


Hoje, estou aprendendo a ouvir com o coração...
E essa experiência só me tem feito bem...
Estou abrindo um diferente canal para capturar outras sintonias...
E em noites de lua cheia, tudo é inspiração...
Porque é uma ocasião propícia para o encontro de almas...
Almas que amam poesias e palavras...
E que sentem com o espírito o pulsar dos sentimentos mais puros e belos...
Como num entardecer com arrebol...
Onde loucuras se cometem para não perder sequer um instante...
Presenciar a noite de mansinho ocultar o brilho do dia...
Um momento no qual sol e lua dividem o mesmo céu...
Sem qualquer tipo de competição entre eles...
E nessa mudança, nada é clandestino ou ilegal...
Apenas tudo se completa...
Estando cada qual em seu ângulo apenas a emitir luz...
E nós nos tornamos seres duplamente iluminados...
Mas, infelizmente, nem sempre se dá conta desse privilégio...
Porque o nosso espírito está preso ao que é conceituado como belo...
Então, desviam-se as atenções para a simples matéria...
Deixando o que realmente importa de lado...
Mas, eles que são seres fortes, de energia e que se respeitam...
Possuem uma capacidade incrível de transformar tudo em nossa volta...
Afinal, nada se cria nada se perde...
Tudo simplesmente se transforma...
Mas, quando se está preso às trevas, esquece de ser luz, energia...
E a chama que alimenta os sonhos aos poucos se apaga...
Ficando o dia ainda mais escuro...
Mas, quando se vê o surgir da lua em meio aos raios de sol...
Nota que não existe solidão em parte alguma do mundo...

domingo, 2 de março de 2008

Noite veloz


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Acordou com o toque do telefone, seus olhos resistiram em se abrir, esticou a mão, mas não o bastante que pudesse alcançar o aparelho, desistiu e não atendeu, quis ficar a sonhar. Tivera poucas horas de sono, mas não sentia o corpo cansado, apenas queria voltar aos sonhos daquela noite que foi veloz. Abriu os olhos e viu que a chuva que caiu durante toda a madrugada havia passado, um sinal que lá fora havia um dia de sol, porém seu coração pedia por mais algumas horas com pingos de chuva batendo na janela.
Virou para o lado e tentou dormir novamente, tentativa em vão, logo, uma música invadiu seu quarto, o almoço dos vizinhos havia começado. Sem escolhas, levantou-se e embaixo do chuveiro com água quente forte recuperava as últimas imagens, boas recordações para um dia de Domingo.
Saiu pelas ruas, precisava de pão, mas já passava do meio dia, todos comiam arroz e feijão, duas padarias e nas mãos um pacote de biscoitos de chocolate, não gostava de biscoitos, mas o chocolate cairia bem. Passou pela praça, havia movimento, pessoas sentadas nos bares, copos espalhados nas mesas, parecia que a noite ainda não havia acabado. Com um gesto de mão agradeceu o convite para se sentar, regressou ao seu caminho e com poucos passos já estava à frente de sua porta com as chaves a girar.
Sobre a cama, o lençol ainda se entrelaçava com o cobertor, não importou muito, puxou o travesseiro, ligou a TV e abriu seus biscoitos. A primeira mordida, sentiu que também precisava de um café, olhou para a cozinha, desistiu e notou, também, que precisa de uma cafeteira elétrica. Na TV apenas um filme, mudou de canal, mas nada melhor. Desligou e partiu para uma canção. Entre os CDs escolheu algo suave.
Acabaram os biscoitos e a música, fez algumas ligações. Sentiu saudade das ausências. Dias de domingo sempre são assim, esse um tanto quanto atípico, mas ainda assim continuava só. Distante dos lugares que lhe faziam tão bem.

PS.: Música: Yann Tiersen - La Noyee