segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Paixão


É efêmera, dura o tempo de uma estação...
Estar apaixonada é vibrar, sentir cada pedacinho do corpo reagir...
É perder as batidas do coração...
E desejar o encontro dos corpos e das mentes...

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Uns arrepios


Pequenas gotas provocam arrepio na pele...
Sensação de frio que aquece a alma...
Na suavidade de uma pétala se sustentam...
Buscam entre si o encontro de suas partes...
Como num abraço mútuo onde todos se tocam...
Ser uma gota...
É percorrer céus e terras...
E por fim, se encantar por uma rosa...




PS.: Agradecimento especial a Mutante pela imagem....

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Srta. Caramujinho


Uma xícara de café com algumas notas musicais...
Combinação perfeita para se começar um dia, ou terminá-lo...
Pensamentos mergulhados no amargor do café são emersos pela leveza de uma boa canção...
E assim entre um gole e outro vão sendo consumidas as horas...
Na estante um livro novo convida...
Mas ainda há alguns pensamentos a serem deglutidos...
Claves de sol e de fá embalam a digestão...
A fumaça anuncia que ainda está quente...
Então é melhor tomar devagar...
Como diz a frase: “Deixe passar, porque a vida trabalha em silêncio, nem tente dar asas ao tempo, fique em seu lugar”...



PS.: Agradecimento a Nana pela imagem...

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Flor da pele


A vida é tão bonita...
Um encanto que nos faz pensar, sentir, amar e odiar...
Todas essas experiências são mágicas...
E são ainda melhores quando vividas intensamente...
Sentir é viver com a emoção a flor da pele...
E é essa a maneira mais bonita de se viver...
Ser como o tempo, ora sol, ora chuva...
Ser diferente em cada dia, mas única a cada momento...

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

De viagem


Seduzida pela lua...
Encantada pelas estrelas...
Transito por entre as sombras das nuvens...
A espera de um próximo cometa...

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Toque de alma


Sentir um sorriso aquece a alma como um raio de sol...
Acredito no toque das almas...
No feitiço que elas lançam ao serem confrontadas com outras...
Na química que elas soltam e na qual ficamos ou não presos...
Uma vez tocada, não tens como limpar o toque...
Nascem linhas profundas...
E mesmo se forem linhas tênues elas continuarão lá...
Não se esquece quem nos toca a alma...
Acredito na magia das palavras e no toque das almas!

domingo, 13 de janeiro de 2008

Medo do vento


Como saber decifrar os uivos ou lamentos do vento?
O que tanto ele quer dizer?
Abrir a janela e deixar com que lhe beije é um desafio...
Pois ele pode levar e trazer mensagens...
Dias de vendavais então...
Alto tráfego de informações perdidas no ar...
Mas também há dias de silêncio...
Onde nenhuma folha de árvore se move...
É quando nasce a esperança por uma brisa...
Uma rajadinha qualquer que nos faça sentir menos só...

sábado, 12 de janeiro de 2008

Saturday


O ritmo da chuva anda trazendo de volta o que era meu...
Algo que pensei haver se apagado em mim...
Engraçado isso...
A água fazendo reacender algo...
Talvez não seja exatamente um reacender...
Mas quem sabe um renascer...
E para isso realmente as águas têm esse poder...
Após um tempo, um dia, um mês, quiçá anos...
As sementes deixadas em meio a terra por fim germinam e brotam...
Os pingos preenchem a vida de vida...
E pequeninas folhas com seu verde claro surgem...
Quantas folhas nascerão?
É melhor não pensar nisso...
O que importa mesmo é que elas sempre voltem a nascer...
Porque odeio paisagens beges...

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

Thursday


Por mais que se lute contra as transformações...
Nada é para sempre...
A natureza apresenta-se ainda mais forte quando num dia qualquer todo o chão se abre...
Esvaindo-se por entre as pedras todas as convicções...
Pensando bem, talvez fosse chato por demais tudo permanecer igual...
Não haveria a opção de escolher qual o caminho a seguir...
E por fim, acostumaríamos com o pouco...
Perdendo a oportunidade de estar com o novo...
Ficando aquela sensação deixada ao se tomar um café requentado...

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Wednesday


“Cuidado viajante!
Cuidado com as colinas humanas...
Elas têm flores, mas também possuem espinhos...”

Ontem uma amiga me enviou um poema que havia tais versos, fiquei a pensar sobre essas colinas repletas de flores e espinhos quando me veio à cabeça uma passagem do Pequeno Príncipe. Ele com o desenho do carneiro nas mãos percebe que além dos baobás, a sua rosa também poderia ser comida e que então corria perigo. Preocupado ele logo questiona ao Aviador se os espinhos as protegeriam caso o carneiro a tentasse comer. O aviador atento ao seu parafuso responde: “Os espinhos não servem para nada, é a maldade das flores que os fazem brotar...”
É mesmo um perigo essa viagem por entre as colinas, a maldade está em todos os lugares...

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Tuesday


Dia nublado, cinza
Saudade dos raios do sol
Aqueles que me acordam
Não chove
Relampeja
O calor continua
Agora um pouco mais ameno
Mas por culpa do ventilador

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

Monday


Dia quente...
Sem muitas sombras...
Dia de preguiça...
Com a esperança de uma folga...

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

What?


Era finalzinho de tarde, o sol se pondo e o roxo sutilmente ofuscava o azul do céu, mas já não chamava tanta atenção de quem há dias via aquela mesma paisagem, a cada nascer e pôr do sol ali no mesmo lugar. Aquele trem com seus quase trinta vagões já havia ficado pequeno por demais e até as acomodações mais luxuosas tornaram-se sufocantes. Após o café da manhã no vagão restaurante, onde encontrava com alguns conhecidos de viagem, saía a caminhar pelos extensos corredores e por vez ou outra se sentava em uma das raras poltronas vazias, era quando folheava seu amarelado, mas inseparável livrinho de bolso.
Naquela manhã, o calor não dava trégua e os raios de sol invadiam por qualquer frestinha, nem mesmo o vento era capaz de aliviar aquele infernal mormaço. Levantou e se pôs de bruços no peitoril da janela, talvez expondo se ainda mais o refrescasse. Mas pelo visto a única coisa que conseguiu foi acumular mais poeira nas abas de seu chapéu cor de palha. Batendo ele na perna, voltou a se sentar.
Abriu novamente seu livrinho e com uma caneta dourada parecia rabiscar alguma coisa, mas de relance girou a cabeça e com os olhos tentava buscar por quem havia iniciado aquela canção, um som abafado de sax entoava um cool jazz, algo meio Miles Davis, a música vinha do final do corredor daquele vagão e até chegar aos seus ouvidos muito já havia se perdido, algumas notas eram distorcidas com o barulho continuo da locomotiva sobre os trilhos. Passando a mão sobre a cabeça tentava buscar a figura que empunhava o instrumento, mas as pessoas que se espremiam no corredor atrapalhavam a visão.
Curioso, passou para o assento ao lado, o do corredor, mas não adiantou muito, ainda não conseguia ver o músico misterioso. Ergueu a cabeça e olhando para o teto como se estivesse a decidir algo importante deu um pulo e pôs se de pé, ajeitou o paletó e com alguns passos a frente estava no círculo que já havia se feito ao redor do saxofonista.
De Miles Davis foi para Tom Jobim o que atiçou ainda mais a sua curiosidade, amava o Tom, afinal era um dos grandes adeptos a bossa nova, ao tentar se aproximar mais, esbarrou numa senhora de vestido branco e ao virar-se para pedir desculpas percebeu que era a mesma pessoa que nunca saía de seus aposentos na primeira classe. Seu olhar mal desviou do saxofonista mesmo ele a pegando pelo braço, ela estava paralisada, parecia atônita com o que via. Já ele não mais se interessou pela música apenas para o olhar dela.
Sem nem mesmo ver quem tocava, voltou para o seu assento e abriu novamente seu livrinho amarelo e rabiscou mais algumas linhas.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

The day after


Da última noite daquele ano apenas ficaram impregnados o cheiro da pólvora dos fogos e a fragrância do lança perfume que cobria todo o salão. Não se via mais ninguém pelas ruas, apenas alguns rastros de confete que com a força do vento iam sendo levados para junto ao meio fio. A porta da padaria estava entre aberta, sinal de que já se havia iniciado o feitio dos pães de um novo ano.
Exausta por ficar a noite acordada, D. Luiza só queria o repouso e o conforto de seu sofá marrom, há muito ela não o desejava tanto. Ainda faltavam alguns quarteirões até conseguir encontrar a fechadura que caberiam aquelas chaves que em sua mão deslizavam por entre os dedos como se fossem contas. Ao seu lado Sr. Pedro caminhava lentamente, desviando das pedras maiores do calçamento, parecia continuar dançando alguma canção tocada no baile.
Foi uma noite diferente na vida de D. Luiza, ela nunca tinha ido a um baile de Reveillon, seu primeiro namorado e marido não gostava muito dessas comemorações, preferia ficar em casa vendo tudo pela televisão. Quanto a ela, o acompanhava sentada no sofá marrom e entre um cochilo e outro via o estourar de fogos na praia de Copacabana, era essa a época do ano em que sentia a falta que fazia um filho.
Não podia ter filhos, algum tempo depois do casamento ela passou por uma cirurgia que lhe retiraria um tumor e o sonho de ser mãe. Pensou em adoção, mas depois de tantos desencontros acabou adormecido o desejo, por fim se acostumara à vida a dois.
Depois de mais alguns minutos de caminhada estavam em frente ao portão de casa, Sr. Pedro com paletó na mão e camisa já desabotoada apoiou-se no muro, enquanto D. Luiza buscava entre o molho de chaves a que abriria o cadeado, depois de algumas tentativas eis que o clique soa, portas, olhos e bocas abertas. Ébrios de susto não acreditavam no que viam. Entreolharam-se e sem saber o que dizer ou perguntar apenas algumas lágrimas deixaram escorrer de seus olhos.
Alguém havia deixado um embrulho naquele dia seguinte e nesse primeiro dia de um novo ano, D. Luiza reacendeu a chama de sua vida com possibilidade de ser mãe.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

Happy new year!


Um dia li que “muitas coisas pequenas, em muitos lugares pequenos, feitas por muita gente pequena podem mudar o mundo”...
E nada melhor que essa frase para iniciar esse ano de 2008 por aqui...