domingo, 30 de setembro de 2007

Diaria'mente'


- Bom dia!
- Oi...
- Tudo bem?
- Sim.
- Quer café?
- Não.
- Leite?
- Não.
- Um chá então?
- ....
- ....

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Uma canção


O meu silêncio se afasta ao ouvir uma certa canção...
E por entre as notas vai se aproximando a paz...
Nem mesmo as trovoadas desses dias nublados...
São capazes de mover o que se torna sagrado dentro de mim...
Como se todo o azul escondido por entre as nuvens...
Fosse sendo revelado com o tempo dos acordes...
E eis que surge o magnífico sol...
Iluminando minha alma e me emprestando alegria...
Fazendo com que tudo que era escuro e triste...
Dê lugar ao fogo que aquece e transforma...
Por instantes, não mais me sinto nem bem, nem mal...
Apenas me sinto com tudo que há em mim...

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Quer carona?


Vamos sair do chão rumo às estrelas, que tal...?
Um dia alguém me propôs isso...
É intrigante pensar nessa possibilidade...
Poder voar e rodopiar pelo infinito negro céu...
Simplesmente observando as luzes que vêm do oculto...
Planetas, satélites, corpos...
Enfim, tudo que ainda não se conhece ao certo...
Mas, que possui uma forma de atração impactante...
Como não ficar de boca aberta em dias de eclipse...?
Que por obra de um alinhamento ocorre a sobreposição dos corpos...
E durante esse mesmo instante...
Outros corpos, como o meu e o seu, também desconhecidos...
Encontram-se dispostos ao mesmo objetivo...
Contemplar o belo que há no mistério...
E junto com as estrelas apreciar com calma cada movimento...
Percebendo que nada é distante o bastante que não possa ser sentido...

domingo, 23 de setembro de 2007

Menina boneca de pano


Laura, delicadamente, após mais uma noite de espera despertava de seus sonhos, trazia em sua face angelical um sorriso envolvente, dona de um olhar devorador, capaz de seqüestrar os mais insólitos pensamentos. Ao se despreguiçar abraçava-se como se desejasse a si mesma um bom dia, ao lado de sua cama conferia as horas num pequeno despertador vermelho, colocado ali propositalmente, pois sempre perdia o primeiro tempo de suas aulas. Esticava-se toda como se quisesse alongar mais um pouquinho aquelas horinhas de sono. Inspirou profundamente e ao devolver o ar, pulou da cama. Começava mais um dia de Laura.
Depois de um banho com água quente estava pronta. Ela era tão suave em suas formas e teus traços transmitiam uma doçura penetrante que transformava qualquer amargor de um dia triste. Vestida agora com suas sapatilhas, nas pontas dos pés, ela bailava com a leveza das borboletas, pelas quais era simplesmente apaixonada. Dedicava grande parte de seus dias aos ensaios no palco e, arduamente, no chão buscava sentir todo o seu corpo, entregando-se por completa à arte da dança. Com esmero trabalhava as suas fragilidades a fim de atingir a perfeição dos movimentos, o que a aproximava ainda mais dos seres encantados.
Após todo um dia de ensaios, ela regressa para casa com o sol já se posto, ficava a contemplar a noite como uma boneca de pano que sempre tem os olhos voltados para o céu. Permanecia imóvel por horas a esperar por algum sinal vindo das estrelas. Não se cansava, resistia ao sono por mais que seu exausto corpo de bailarina estivesse clamando por uns minutos de sono.
Rejeitando a companhia de Morpheu, doava-se a lua procurando por entre os nuances de cinza algo que lhe remetesse o semblante de um novo amor. Mas, percebeu que o cinza era muito pálido para colorir uma figura tão cintilante. Ao final de cada noite via que lhe sobrava muito sono e faltava lhe ainda um rosto. Mas, mesmo assim, sempre estava disposta há mais um outro dia.
Era uma segunda-feira e Laura havia dormido muito tarde, o despertador não estava no local habitual e quando deu por si, percebeu que tinha perdido a hora de seus ensaios. Resolveu ficar em casa, tudo em sua volta estava muito estranho, seus objetos já não estavam nos mesmos locais e decidiu por organizar seu quarto naquele dia, afinal ele iniciara diferente.
Depois do banho, arrumou a cama, trocou os lençóis e constatou que suas bonecas de pano haviam mofado, juntou todas em uma sacola e foi colocá-las no quintal, passou pela cozinha onde apanhou uma maça, dando uma primeira mordida quebrou o seu desjejum de uma noite inteira acordada. À porta do quintal acarinhou o cão que balançava o rabo ao vê-la, o correspondeu com um sorriso que iluminou lhe a face.
Perto da cadeira de balanço, tirou uma a uma de suas bonecas, encostando todas na parede, ainda com a maça na mão sentou-se e intercalava cada balançar com uma mordida. Faltando o último pedaço, pondo se a levantar, observou suas bonecas de pano, acompanhando o olhar delas, Laura inclinou a cabeça em direção ao céu, ficando bestificada com a imagem que lhe feria os olhos e tocava o coração. Encontrou a cor mais cintilante que poderia imaginar, estava diante a luz do sol e ela que sempre esperava pela noite. De sobre salto, pôs-se a dançar, e em companhia de uma borboleta, sentia-se completamente contagiada por aquela nova paixão que a chamava.

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Amizade


Ultimamente quando me interrogam como estou...
Não respondo nem que bem, nem que mal...
Apenas digo estar a favor do vento...
Tentando deixar com que ele me guie...
Afinal, não estamos nós a mercê do destino...?
Então, estar de certa forma vulnerável...
É, em muitas vezes, abrir a alma para outros ares...
Permitir com que o desconhecido se aproxime...
E em mágicos e inacreditáveis encontros...
Nasça o belo...
Vai saber o que nos aguarda ao final do dia...?
E antes que se fechem os olhos para mais uma noite...
Algo de novo possa vir aquecer o frio que está dentro de nós...
Como um dos sentimentos mais nobres que se possa compartilhar...
O da amizade...

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Pelo retrovisor


Com tantas idas e vindas, na contramão de sua vida...
Sempre haverá outros que viajam...
E você que caminha sempre correndo ou distraído...
Não percebe aquele ou aquilo que passa ao seu lado...
Agora, pare e pense...
Por mais que você tente buscar com os olhos...
Cada vez mais distante do seu alcance ficará...
Note que tudo vai ficando sempre mais para trás...
Restando a você acompanhar o que deixou pelo retrovisor...
E assim, tudo a sua volta se resumi a um instante que passou...

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Amendoins


Sempre adorei amendoins e preparados de qualquer maneira...
Cru, torrado, encapado ou cozido, todos me agradam por demais...
Somente não gosto muito daquelas pelinhas vermelhas...
Que me deixam louca, por insistirem em ficar grudadas...
Por vezes, nos cantinhos mais impossíveis e impróprios...
Talvez, elas nos agarrem tanto por sentirem falta de companhia...
Afinal, raramente se encontra um amendoim solitário...
E, já parou para observar como eles se encaixam...?
Até parece terem sido engenhosamente desenhados...
Só para caberem tão apertadinhos dentro daquela capinha...
Permanecendo ali protegidos por tempos, até pararem num saquinho...
Daí sabe-se lá qual será seu destino...
E as únicas lembranças que ficam do companheiro de casquinha...
São as impressões dele deixadas em seu corpo como tatuagens...
Marcas de dias de paz sem estar sozinho em meio à multidão...
Porém, elas agora ao serem vistas, aumentam ainda mais o aperto no peito...
Conseqüência desse sentimento chamado saudade...
Que atormenta a alma de quem fica a espera por quem um dia partiu...
E você, sabe por onde anda deixando suas marcas...?
Porque em algum lugar, possivelmente, alguém está sentido a sua falta...

sábado, 15 de setembro de 2007

Beija-flores


Otávio, menino franzino, bem pouco popular em meio às outras crianças de sua idade, tipo de garoto que prefere os recantos mais desertos, mas, mesmo assim, sorrateiros olhares insistiam em atingi-lo, deixando sua face ainda mais rosada. Pela calçada caminhava contando os passos para não se perder, pois sempre se distraia com os beija-flores, acompanhava os seus vôos até uma próxima parada, numa outra rosa, achava bonita a mistura das cores das penas com as das flores.
De tanto observar o voar desses pequeninos passarinhos, reconhecia a distância todos os tipos de beijos que eles davam, possuíam uma incrível habilidade de num simples toque extrair por entre as pétalas, o escondido néctar, uma espécie de poção que os deixava diferentes, como se houvessem saboreado um doce enfeitiçado com felicidade. Agora, saciados, eles partiam em outras direções, simplesmente furando as nuvens ou desviando de algum poste. Porém, de súbito, ao passar por uma copa florida eles pairavam no ar e como se existisse algum tipo de encanto, estavam dispostos a mais um selinho, e assim, Otávio ia acompanhando o namoro dos beija-flores.
Seus dias eram quase sempre iguais, a não ser quando tinha aulas de Geografia, eram as únicas aulas que não se sentava na frente, nessas, ele preferia ficar ao fundo, chegava mais cedo, arrastava sua carteira favorita e punha-se no último lugar da fila do meio. Com um simples abanar de cabeça cumprimentava os colegas que o olhava, os outros não, esses, ele apenas observava aonde iriam se sentar. Ia contando um a um, até perder os números quando aparecia na porta aquela imagem que lhe furtava um leve sorriso. Rapidamente sua timidez lhe denunciava e tinha nas bochechas ruborizadas o contra tempo das batidas de seu coração.
Disfarçado por trás de uma folha branca, ele perseguia atentamente cada movimento daquela criatura, ao menor barulho desviava o olhar e voltava logo em seguida, atônito via em seus gestos a sutileza do vôo dos beija-flores a rodopiarem diante a uma rosa, nos olhos a cor das folhas, na mão estendida que escrevia sobre os oceanos no quadro o toque suave do beijo, e ele paralisado só conseguia desenhar no caderno o seu retrato, a leveza nos riscos, a sombra nas curvas, tinha uma preocupação imensa com os pormenores, como se aquele momento fosse feito para os dois, mas, os minutos pareciam correr e como em todas as outras aulas soou o sinal, era hora da despedida, apesar de querer sempre ficar um pouco mais, e num breve aceno, o tchau. O lápis caia sobre a mesa e com fúria rasgava mais uma folha, nunca dava tempo para terminar o desenho. Todos sempre ficavam inacabados, faltando algum detalhe. Como uma rosa sozinha a espera pelo beijo de um beija-flor.

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Sorrisos são contagiantes


Não me canso de dizer...
A felicidade está nas simples coisas...
Principalmente nos sorrisos que nos são dados com a alma...
Aqueles que iluminam tudo o que nos rodeia...
O sorrir da alma é contagiante, por ser ele o verdadeiro...
Abençoa quem o recebe deixando feliz quem o dá...
Sendo isso possível apenas em ligações covalentes...
Onde não há perder ou ganhar...
E a alegria do gostar se faz assim, a partir do bem-querer...
Porém, quando se cresce esquece das pequenas coisas...
Deixamos de ser cativados por olhar sempre pelo mesmo prisma...
O gostar condicional, dependente...
A vida só é cativante por todas suas transformações...
Por nunca ser igual e assim também são as pessoas...
A partir do momento que começar a ouvir o coração...
Aprenderá a mais bonita das lições...
O coração não tem olhos, não vê...
Mas sente...
E é por meio dos sentidos que descobrirá o que há de belo nas pessoas...

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Lágrimas em flores


O que fazer para transformar lágrimas em flores...?
Se quando diante ao único jardim que encanta...
Todas as rosas despetaladas parecem chorar...
E ao ver essa cena com um estranho aperto no peito...
Nem mesmo o dia com sol e chuva vale a pena...
Por mais que numa mão estendida haja lenços...
Eles sempre serão insuficientes...
Não há o que seque esse vale de lágrimas...
E aprisionado dentro desse labirinto sem saídas...
A única esperança é encontrar oásis em desertos...
E por lá tentar extrair perfume de espinhos...
Talvez, essa fragrância possa acalmar as flores...
Transformando seus medos em coragem...
Para que elas ao final do dia gerem novos botões...

terça-feira, 11 de setembro de 2007

Anjos e feriados


O feriado acabou...
Meus dias voltaram ao normal...
E como se fosse uma pintura...
Dentro da minha cabeça...
Está presente aquela visão...
A imagem que me encantou...
Nessa vida...
Ainda estou aprendendo a andar...
Apoiando-me nas paredes do silêncio...
Tento desvendar para onde vou...
Sinto a presença de anjos ao meu redor...
Mas minhas mãos não os alcançam...
Diferentemente do meu coração...
Será que eles vão estar comigo todo o tempo...?
Mesmo em dias de feriado... ?
Espero que os anjos não precisem descansar...

quinta-feira, 6 de setembro de 2007

Na teia


Apesar de não gostar muito de aranhas...
Confesso que elas têm me sido essenciais...
Contribuindo de sobre maneira com a preservação de meus sonhos...
Mantendo longe de mim a infernal zoada dos pernilongos...
São insetos interessantíssimos, com hábitos ainda mais curiosos...
Possuem certas habilidades que me causam inveja...
A forma como apanham suas presas...
Armando suas teias por entre os cantos...
E mantendo se alerta para qualquer tipo de movimento...
É sem dúvida um tipo de caçada muito sagaz...
Se caso fosse uma delas e tivesse suas habilidades...
O que ou quem você gostaria de capturar...?
Analisando bem, talvez pudesse aprisionar qualquer coisa...
Dependendo somente de como e onde a sua teia estivesse armada...
Nesse tipo de captura passiva, onde se espera a vinda da presa...
Podem-se ter várias surpresas ao final...
E tudo se resumirá num instante de atração...
O que nos faz sentirmos atraídos por alguém ou algo...?
Quiçá o mistério existente no desconhecido que nos seduz e atiça...
Provocando nossa imaginação e desejo de posse...
Embora o perigo, em muitas vezes, possa estar envolvido...
O fato de querer se aproximar e estar perto ainda o supera...
Por fim se vê totalmente envolvido por teias...

segunda-feira, 3 de setembro de 2007

Esquadros


De um apenas sentir nasceu Esquadros...
Uma busca por algo além do que está nítido aos olhos...
A procura do encanto das simples formas...
É a tradução dos sentidos em palavras...
Apenas pequenos toques na alma...
Como uma suave carícia que deixa impressões...
Brincando com a magia das palavras...
A poesia da vida vai se revelando...
E o encantamento se faz surgir no que é sutil...
Totalmente por culpa do acaso ou da sorte...
Os desconhecidos se encontram e reencontram...
Aflorando em si sensações dèjá vu...
Porque o que faz sentir é a essência...
Algo que cada um traz dentro de si...
Suas experiências do bom e do ruim...
E os pequenos quadros pintados na memória...
Vão aos poucos sendo revividos por outros ângulos...
E assim, como diz o Anitelli...
“Os opostos se distraem e os dispostos se atraem”...

domingo, 2 de setembro de 2007

Pimentões


Há algum tempo atrás eu não comia nada que viesse acompanhado de pimentão...
Odiava o gosto que permanecia em minha boca...
Então, sempre o deixava no canto do prato...
Pobre pimentão, discriminado...
Entre todos os outros, por que eu não gostava dele...?
A cebola que tem sabor pior já não me incomodava...
Talvez, porque a não percebesse em meio à comida...
Podiam inventar pimentões transparentes...
Isso viria a ser uma solução...
Como por enquanto essa possibilidade não é real...
Estou me habituando às cores desse simples vegetal...
Somos seres extremamente ajustáveis...
Acostumamos com quase tudo e todos...
Sejam com coisas que nos agradam ou não...
E em muitas vezes...

Adaptamos porque não mais se tem esperança que algo mude...